Menos de 24 horas depois de ter assinado, em 31 de agosto, a notificação do Senado avisando que seu impedimento fora aprovado, Dilma Rousseff já estava aposentada pelo INSS. Com a velocidade de um raio, ela obteve a remuneração mensal de R$ 5.189,82, o teto da Previdência. O tempo médio de espera para que um brasileiro comum consiga marcar uma data para requerer a aposentadoria é de 74 dias. Em Brasília, onde pedido de Dilma foi deferido, o suplício chega a 115 dias.
Dilma não precisou nem colocar os pés do lado de fora do Alvorada. Em notícia veiculada no site de Época, o repórter Bruno Boghossian conta que madame furou todas as filas servindo-se dos préstimos do petista Carlos Gabas, seu ex-ministro da Previdência. Na pele de pistolão da ex-chefe, Gabas entrou pelos fundos de uma agência da Previdência na quadra 502 da Asa Sul de Brasília. Estava acompanhado de uma mulher munida de procuração de Dilma.
A dupla se dirigiu a uma área restrita a servidores da repartição. Atendeu-os o chefe da agência, Iracemo da Costa Coelho. Encerrado o encontro, Dilma já estava formalmente aposentada. Não há nos computadores do INSS nenhum vestígio de que a presidente deposta ou seus prepostos tenham solicitado o agendamento que se exige dos cidadãos comuns.
Ouvidos, Dilma e Gabas afirmam que não houve privilégio ou tratamento diferenciado. Nessa versão, o atendimento ocorreu longe do balcão, numa sala de frequencia restritra a servidores por decisão do chefe da agência do INSS. Alegou-se, de resto, que o agendamento fora solicitado “meses” antes. Algo que o sistema informatizado da Previdência contesta.
Noutro procedimento fora dos padrões, o INSS realizou entre 8h42 e 18h43 do dia 10 de dezembro de 2015 notáveis 16 alterações na ficha laboral de Dilma. Tudo homologado por uma única servidora: Fernanda Cristina Doerl dos Santos, da Diretoria de Atendimento do INSS. Oito dias antes, o então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), anunciara sua decisão de aceitar o pedido de impedimento de Dilma.
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