Como disse um amigo de Coimbra ao olhar para o mar do alto da Estrada das Canoas: "isto é impressionante, extasiante, espetacular!".
Essa é a sensação que temos, cariocas da gema ou por opção, ao atravessar o Túnel Rebouças e dar com a beleza comovente da Lagoa, um simples aperitivo para o deslumbramento que virá a seguir, com o Cristo lá no alto abençoando a cidade.
Mas talvez fosse melhor usar os verbos no passado. Sinto que a visita ao Rio será adiada...
O Rio anda violento, bravo, assustador. As UPPs, criadas pelo então Secretário de Segurança José Mariano Beltrame para pacificar as comunidades carentes em áreas menos aquinhoadas da cidade, excelente ideia à qual faltou a adesão firme e forte do governo do Estado, não conseguiram conter o avanço da criminalidade, brutal e estúpida. Será que a ninguém ocorreu que um posto policial, sem a contrapartida de uma política social importante - creches, escolas, clínicas de família, saneamento - não bastaria para desenvolver uma geração bem estruturada, disposta a não permitir que o Mal vencesse o Bem?
...Quando tivemos dinheiro não implementamos o que era necessário. Agora, que estamos quebrados, não adianta chorar pitangas...
Faltou isso tudo, mas não faltou a visão do Lula e seu governador Sergio Cabral em um teleférico ligando a Praça General Osório, coração de Ipanema, ao alto do Pavão-Pavãozinho. Necessário? Pode ser. Se viesse depois das políticas sociais acima mencionadas, talvez merecesse os adjetivos da senhora Christine Lagarde, diretora do FMI que, certamente deslumbrada pela paisagem, não reparou onde o teleférico a levava e declarou que se sentia nos Alpes!
Foi pena que ela não estivesse no Rio no último dia 10 quando, durante um tiroteio violento que ecoou nas imediações da comunidade Pavão-Pavãozinho, as pessoas que vivem, trabalham e circulam por ali de repente não vissem um corpo de homem cair do alto do morro, morto ou vivo, ainda não se sabia ao certo.
Os cariocas perceberam que a ilusão da cidade unida acabara. Vencia a realidade da cidade partida.
Quando tivemos dinheiro não implementamos o que era necessário. Agora, que estamos quebrados, não adianta chorar pitangas. Mas quem sabe podemos exigir que o poder público ao menos controle seus presos e respeite o que o secretário Beltrame - e todos os cariocas de bom senso - pedem: chega de licença de saída da prisão em datas festivas, como Natal, Dia das Mães, e outras.
O bandido que comandou a ação que resultou no tiroteio no Pavão-Pavãozinho estava usufruindo de uma licença da prisão desde maio, para comemorar o Dia das Mães.
Uma flor de rapaz, com toda a certeza...
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