Mãe de todas as corrupções e pretexto para roubos e falcatruas em nome da luta pelo poder, a doação eleitoral de empresas aqui não representava uma vontade de contribuir para a democracia e para o futuro do país, mas um investimento no mercado futuro. Em países civilizados, esse tipo de doação funciona com limites rígidos e ultracontrolados. Não é o nosso caso.
Na verdade, o financiamento público já existe com os generosos fundos partidários e o valiosíssimo horário gratuito de rádio e TV, além dos inúmeros debates públicos, de ampla cobertura da mídia e da internet. Nenhum candidato pode se queixar de falta de meios para alcançar os eleitores de sua cidade, mas acabou a era das campanhas milionárias, de gênios do marketing decidirem eleições em favor de quem lhes paga, seja quem for.
É uma esperança para a minoria de candidatos com espirito público e uma limitação para a grande maioria que faz politica como profissão. Até agora o policiamento das doações parece eficiente. São muitos os desvios flagrados, os doadores “profissionais” estão mais receosos, mas no desespero da reta final é que vamos ver se as novas leis funcionam na prática ou não.
Em duas semanas vamos saber os seus efeitos na qualidade dos eleitos no primeiro turno, justo num momento em que, por todos os motivos, os políticos e os partidos nunca estiveram tão desacreditados. Por pior que seja o momento do país, ou justamente por isso, estamos vivendo esse cara a cara com a democracia real, uma prova de fogo para uma mudança de atitude dos candidatos e do eleitorado.
É triste votar no “menos pior”, que provoca tantas desgraças políticas, mas não participar favorece aos candidatos “profissionais”. Agora não vamos eleger só prefeitos e vereadores, vamos expressar uma vontade de mudança de padrão na escolha dos nossos representantes.
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