Lamentavelmente, no Brasil o voto não é ideológico, as pessoas não votam partidariamente e você tem uma parte da sociedade, pelo alto grau de empobrecimento, conduzida a pensar pelo estômago e não pela cabeça. É por isso que se distribui tanta cesta básica (…) é uma peça de troca em época de eleição
Luiz Inácio Lula da Silva, 2000
Interligada à falta de perspectivas, a asfixia financeira jamais falhou em justificar nosso mau humor. E não sofremos apenas com o desarranjo econômico, diga-se, também a crise moral no seio político foi decisiva para azedar o dia a dia.
Pois, ainda assim, mesmo com tantos desgostos, desde a última quinta-feira tornou-se impossível resistir aos encantos de 2016. Não bastasse o alvissareiro processo de impeachment, finalmente o brasileiro deparou-se com a derrocada de seu maior algoz.
Levará um bom tempo para que análises impermeáveis ao marketing ideológico ganhem espaço, isto é certo, porém não cabe relativizar a extraordinária intersecção de condições favoráveis desperdiçada por Luíz Inácio.
Ao contrário de Michel Temer, desde já acossado por uma oposição figadal, Lula teve índices de popularidade avassaladores e ventos econômicos convenientes, um duo sonhado por líderes em qualquer época, mas falhou crassa e indiscutivelmente na hora de conduzir ou pelo menos de encaminhar o país para um amadurecimento institucional.
Das duas uma: falhou quando abraçou e aperfeiçoou as políticas assistencialistas iniciadas no governo de Fernando Henrique Cardoso, mesmo considerando-as nocivas ao processo eleitoral e portanto à democracia, ou depois, ao abusar do cinismo e instrumentalizá-las de olho nas urnas.
Falhou também em 2005 ao não encampar o ajuste fiscal desenhado e apoiado pela dupla de ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo - Fazenda e Planejamento - que pretendiam limitar os gastos do Estado e assim frear o crescimento da duvida pública.
Acabou prevalecendo o argumento da então titular na Casa Civil, uma certa Dilma Rousseff, de que o plano apresentado era “rudimentar”, Palocci perdeu sustentabilidade política com os escândalos de corrupção em Ribeirão Preto e logo em seguida teve inicio a era Mantega.
E falhou, acima de tudo, igualmente logo em seu primeiro mandato, ao não defender uma profunda reforma política, fundamental para desembaraçar vícios de gestão e combater a corrupção endêmica que desde sempre nos assola.
Na verdade, e este ponto há tempos não merece o benefício da dúvida, o eterno metalúrgico, líder sindical, presidente eleito e reeleito, com cacife político para eleger e reeleger alguém que jamais havia disputado uma eleição sequer, desde o inicio só pensou em si mesmo.
Muito provavelmente, nem ao enriquecer uma miríade de patifes e seus familiares Lula pensou em alguém que não fosse Luíz Inácio. No maior escândalo de corrupção em nossa história, muito bem destrinchado pelo procurador Deltan Dallagnol, tanto os parceiros quanto os adversários políticos, dos eleitores à claque sindicalista, todos não passam de peões.
Até Jesus Cristo virou coadjuvante, em seu mais recente discurso temperado com lágrimas de crocodilo, mas não faltou a sutil auto-deferência ao exaltar políticos “por mais ladrões que sejam”.
Certos, ainda que por vias tortas, estavam os esquerdistas que se afastaram quando foi divulgada a célebre Carta aos Brasileiros. Lula, ali, não exatamente dava sinais de que trairia uma causa, e sim de que ela teria nome e sobrenome.
Levará um bom tempo para que análises impermeáveis ao marketing ideológico ganhem espaço, isto é certo, porém não cabe relativizar a extraordinária intersecção de condições favoráveis desperdiçada por Luíz Inácio.
Ao contrário de Michel Temer, desde já acossado por uma oposição figadal, Lula teve índices de popularidade avassaladores e ventos econômicos convenientes, um duo sonhado por líderes em qualquer época, mas falhou crassa e indiscutivelmente na hora de conduzir ou pelo menos de encaminhar o país para um amadurecimento institucional.
Das duas uma: falhou quando abraçou e aperfeiçoou as políticas assistencialistas iniciadas no governo de Fernando Henrique Cardoso, mesmo considerando-as nocivas ao processo eleitoral e portanto à democracia, ou depois, ao abusar do cinismo e instrumentalizá-las de olho nas urnas.
Falhou também em 2005 ao não encampar o ajuste fiscal desenhado e apoiado pela dupla de ministros Antônio Palocci e Paulo Bernardo - Fazenda e Planejamento - que pretendiam limitar os gastos do Estado e assim frear o crescimento da duvida pública.
Acabou prevalecendo o argumento da então titular na Casa Civil, uma certa Dilma Rousseff, de que o plano apresentado era “rudimentar”, Palocci perdeu sustentabilidade política com os escândalos de corrupção em Ribeirão Preto e logo em seguida teve inicio a era Mantega.
E falhou, acima de tudo, igualmente logo em seu primeiro mandato, ao não defender uma profunda reforma política, fundamental para desembaraçar vícios de gestão e combater a corrupção endêmica que desde sempre nos assola.
Na verdade, e este ponto há tempos não merece o benefício da dúvida, o eterno metalúrgico, líder sindical, presidente eleito e reeleito, com cacife político para eleger e reeleger alguém que jamais havia disputado uma eleição sequer, desde o inicio só pensou em si mesmo.
Muito provavelmente, nem ao enriquecer uma miríade de patifes e seus familiares Lula pensou em alguém que não fosse Luíz Inácio. No maior escândalo de corrupção em nossa história, muito bem destrinchado pelo procurador Deltan Dallagnol, tanto os parceiros quanto os adversários políticos, dos eleitores à claque sindicalista, todos não passam de peões.
Até Jesus Cristo virou coadjuvante, em seu mais recente discurso temperado com lágrimas de crocodilo, mas não faltou a sutil auto-deferência ao exaltar políticos “por mais ladrões que sejam”.
Certos, ainda que por vias tortas, estavam os esquerdistas que se afastaram quando foi divulgada a célebre Carta aos Brasileiros. Lula, ali, não exatamente dava sinais de que trairia uma causa, e sim de que ela teria nome e sobrenome.
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