domingo, 21 de agosto de 2016

'Olimpíadas sempre ficam menos populares quando a conta chega'

A um dia do fim da Olimpíada do Rio, o jornalista e escritor americano Dave Zirin já prevê o desânimo que virá depois da euforia dos jogos.

Autor de vários livros sobre política e esporte, incluindo um sobre o Brasil ("A dança do Brasil com o diabo: A Copa do Mundo, as Olimpíadas, e a luta pela democracia", sem lançamento no país), Zirin diz que os Jogos Olímpicos sempre se tornam menos populares quando a população começa a se dar conta do dinheiro gasto em sua organização.

"Agora as pessoas escutam os números, US$ 11, 12 bilhões, mas (o valor) não está afetando suas vidas ainda. Quando as contas são pagas é quando você vê os cortes, os problemas como saúde e educação, em um país que já grandes problemas nessas áreas."

Para Zirin, que esteve no Rio para cobrir as competições, as últimas duas semanas foram um sucesso midiático, mas um "fracasso terrível" para o povo brasileiro.


Em qualquer país que sedia uma Copa do Mundo ou a Olimpíada você pode sentir as pessoas muito chateadas com o que está acontecendo mas, uma vez que os jogos começam, você quer que o seu país vá bem, ainda mais se for uma história de superação como a da (judoca) Rafaela Silva.
 
Eles são símbolos de orgulho em um momento difícil e é compreensível, porque você já está nessa situação terrível, numa crise econômica, gastando todo esse dinheiro. Poder tirar pelo menos algum orgulho ou glória disso é, às vezes, tudo o que as pessoas têm.
O evento, diz, não cumpriu as promessas feitas em 2008, de transformar a realidade do país, e devem deixar um legado militarista, com milhões de policiais nas ruas cariocas. Além de provocar remoções de famílias nas favelas cariocas.

Sobre o caso dos nadadores americanos, o jornalista diz que, ao mentirem sobre um crime, eles usaram o estereótipo da violência a seu favor e feriram a autoestima do país. Os atletas Ryan Lochte, James Felgen, Gunnar Bentz e Jack Conger disseram que foram assaltos a mão armada no domingo, mas a história foi desmentida pela polícia dias depois.

"Eles estão atacando qualquer orgulho que o Brasil tenha por estar organizando os Jogos de maneira segura. Se esse caso fosse verdade, seria a história da Olimpíada: um dos maiores atletas do mundo roubado à mão armada. O fato de que eles foram tão descuidados com a reputação do Brasil tocou em um ponto sensível da autoestima do país."

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