Há mais de um legado em eventos como a Olimpíada. A mobilidade urbana, o ambiental. Aqui nos concentramos apenas no esportivo.
A prefeitura do Rio dividiu o legado do Parque Olímpico em dois pacotes. O primeiro tem tudo o que vai dar dinheiro – edifícios comerciais e residenciais serão construídos em 40% da área, valorizada pela nova infraestrutura e pelo acesso facilitado pelo novo BRT (corredores exclusivos de ônibus). O segundo tem tudo o que só gera gasto: a Via Olímpica, o Live Site (um gramado circular à beira da lagoa) e as arenas olímpicas. A ideia do prefeito Eduardo Paes (PMDB) era privatizar os dois pacotes para consórcios.
A segunda privatização ainda não saiu. O edital dela foi lançado só em julho de 2016. Nela, a prefeitura é mais generosa. Ela calcula que as instalações esportivas – o Velódromo, o Centro Olímpico de Tênis, a Via Olímpica, o Live Site e as Arenas Cariocas 1, 2 e 3 – custarão em média R$ 37,2 milhões em cada um dos próximos 25 anos. Eduardo Paes quer que um parceiro privado assuma a operação desse segundo pacote, mas, ciente de que o interesse por ele é menor, promete bancar a maior parte dos custos com dinheiro público – R$ 32,8 milhões anuais. Isso blinda uma eventual concessionária contra prejuízos, como os registrados por todos os estádios públicos da Copa. O resultado da concorrência ainda não saiu. O processo estava previsto para ser concluído nesta sexta-feira (4), mas a prefeitura o adiou porque o edital ainda passa por análise do Tribunal de Contas do Município (TCM-RJ).
O plano de negócios montado pela prefeitura prevê que a concessionária desse segundo pacote arrecadará, no período da concessão, cerca de R$ 30 milhões por ano com as instalações esportivas. O dinheiro viria de naming rights (o direito de rebatizar um equipamento esportivo com uma marca), patrocínios e bilheterias. A julgar pelos resultados das arenas da Copa, inferiores aos projetados por órgãos públicos e privados em todas as praças, é prudente não supor que arenas olímpicas vão gerar tanta receita.
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