Não vamos nos deixar iludir: a nossa tímida recuperação econômica deve-se principalmente ao fato do banimento do PT do poder que deixou a classe empresarial e o povo em geral mais esperançosos e otimistas quanto ao futuro do país. Contribuem também para isso o afastamento da Dilma da presidência, a operação Lava Jato – que intimida os corruptos – e a perspectiva do fim da influência do PT na máquina pública. Portanto, ainda não podemos atribuir ao Temer e a sua equipe essa reação discreta da economia. Até agora, o presidente só gastou. Gasta bilhões com o aumento dos salários do servidores públicos e ameaça gastar – veja só! – muito dinheiro com a publicidade estatal no próximo ano.
Nesse pacote de bondades, o governo vai destinar R$ 800 mil à capacitação dos servidores da Secom. Analisando assim, friamente, parece uma quantia irrisória, mas não é. É o seu dinheiro, contribuinte, que vai ajudar o pessoal da secretaria de Comunicação a se qualificar, como se o órgão fosse uma escola de ensino profissionalizante. É assim, pingando um real aqui e outro acolá, que o governo perde a noção dos gastos. Afinal de contas quem paga por tudo isso é o idiota do brasileiro que vê seus impostos irem para o ralo no entra e sai de governo.
Temer precisa agir com mais rigor quanto aos gastos públicos. Com pulso e determinação para evitar escorregar nas armadilhas dos burocratas que derretem o dinheiro do contribuinte com a mesma frieza dos ar-condicionados de suas salas refrigeradas. Não conheço nenhum país do mundo que gaste tanto em publicidade oficial como o Brasil para alegria da mídia e das agências de publicidades, muitas internacionais, que se instalam por aqui de olho nas verbas públicas milionárias. O culto à personalidade é típico de déspotas de terceiro mundo que gastam somas milionárias para mostrar um país irreal.
O dinheiro da publicidade e dos cartões corporativos bem que poderia estar em outras rubricas para ajudar o país a sair da crise econômica e recuperar os empregos na faixa perigosa de mais de 11 milhões de desocupados. Limitar os gastos públicos que cresceram mais de 50% acima da inflação ao longo das duas últimas décadas, como quer Meirelles, não vai isoladamente resolver o problema do déficit fiscal, enquanto o governo não cortar na carne. E cortar na carne significa reduzir o número de comissionados, acabar com os cartões oficiais, reduzir as passagens aéreas dos servidores privilegiados, acabar com ministérios inúteis, auditar e fiscalizar todas as obras superfaturadas da administração petista, incentivar a indústria e o comércio e reduzir impostos para gerar mais emprego e renda.
Até agora o governo não mostrou austeridade para conter seus gastos. Não se sabe até hoje qual a economia gerada com o fim de alguns ministérios, não se conhece uma decisão ousada de Temer para colocar o país nos trilhos. O que existe de verdade é um oba-oba de reuniões políticas incansáveis para gerar factoides otimistas sobre o país. Ah, você há de dizer: ainda está cedo. Não, um bom administrador se conhece em 48 horas. Se ele não se mostrar eficiente nos primeiros dias, certamente caminhará à sombra da incompetência e da má gestão.
O Brasil pós-Dilma precisa mostrar a sua cara.
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