No reverso da medalha, porém, não cometeu crime de responsabilidade, que justificaria sua degola.
São duas situações conflitantes e inconciliáveis. Partidários de uma e de outra tem razão. Madame merece ser afastada por incompetência, mas foi eleita pela maioria da população, ainda que tenha perdido o apoio do eleitorado.
Tudo indica que no fim do mês perderá definitivamente o mandato, mas a decisão de Câmara e Senado fundamentam-se na razão de seu péssimo governo e da necessidade de o caos ser evitado?
Era o que a maioria da população queria, mas o Lula preferiu acomodar-se às linhas principais do figurino da prevalência do capital sobre o trabalho, que o eleitorado havia rejeitado. É verdade que realizou pequena parte das promessas reformistas da sua campanha, promovendo a inclusão social de camadas menos favorecidas e ampliando a participação das massas. A sucessora, escolhida por falta de opção, prometeu realizar o muito que faltava, mas quebrou a cara. Fracassou até onde o Lula havia tido sucesso.
Foi quando as elites aproveitaram a oportunidade de revogar os avanços mesmo medíocres da transformação social para retomar o modelo de sua dominação absoluta. Sentiram a fragilidade de Dilma e o malogro de sua política econômica, que ajudaram a tornar pior.
O resultado aí está: o impeachment e a entrada de Michel Temer, defensor do retorno aos tempos do predomínio total das elites. É o que começamos a viver com a redução de direitos sociais, as reformas previdenciária e trabalhista, a contenção salarial, o aumento de impostos e demais mandamentos do catecismo neoliberal.
De nada adiantaria a permanência de Dilma no governo, se fosse para evitar o retrocesso.
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