Os rótulos, no entanto, não são mandamentos. De vez em quando enrolam-se e se atropelam, misturando-se e confundindo quantos imaginam exprimir a sua exegese uma ciência exata.
Paul Kuczynski |
Vale referir que de quando em quando nos deparamos com nações que falam diversas línguas e mantém costumes diferentes, como a Rússia e a China. Existem nações que habitam territórios distintos e separados, como o Paquistão e Bangladesh, ou a Inglaterra e as Ilhas Malvinas, a França e o Suriname. Notam-se até nações sem território, como os judeus durante dois mil anos, antes da criação do estado de Israel. Também surgem nações divididas em dois estados, a exemplo das Coréias do Sul e do Norte e, até pouco, o Vietnã, a República Democrática da Alemanha e a República Federal da Alemanha.
Essas simples e mal alinhadas referências nos conduzem a uma pergunta crucial: será o Brasil uma nação, ou melhor, continuará sendo?
A mesma língua caminha para tornar-se uma ficção, porque um gaúcho posto no Nordeste faz-se entender com dificuldade. Pronúncia, conceitos, cultura e costumes continuam se afastando, apesar dos esforços das novelas da Rede Globo. Claro que existe um sentimento de unidade em todo o território nacional, por ação inicial do colonizador português. No empenho de ganhar dinheiro, os lusitanos realizaram esse milagre, ao tempo em que a América Espanhola fracionou-se em diversos estados e países. O passado, assim, costuma sinalizar as fraquezas de nossa formação, do Bequimão à Confederação do Equador e aos Farrapos até a predominância econômica e política de São Paulo, sem esquecer o sacrifício e a distância do Nordeste.
Tendo em vista a calamitosa situação em que nos encontramos pela existência de dois Brasis, o formal e o real, que não adianta negar, o risco é flagrante. Já que com a evidência de a pátria só aparecer nos desfile militares e de o governo haver perdido a confiança e o respeito, conclui-se que o estado vem sendo posto em frangalhos. E a nação, sobreviverá?
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