As ideias turvas e delirantes da Dilma dissiparam-se em pouco tempo. As passeatas de ruas diminuíram, os movimentos sociais, sem o patrocínio do governo, hibernaram na expectativa do que vai acontecer daqui pra frente, e a economia já mostra nítidos sinais de recuperação. Não é exagero dizer que existe um presidente (interino) que transmite o que pensa sem arranhar a gramática e o cérebro. Ali ou acolá, alguns insatisfeitos ainda fazem coro com a Dilma para quem o impeachment foi um golpe. É bom que seja assim, pois vivemos em um país que procura preservar e garantir a liberdade de expressão e de pensamento diante das crises, como prova de amadurecimento de suas instituições.
A unanimidade, como disse, magistralmente, Nelson Rodrigues, é burra”.
O Lula era mestre nisso. Enganou o povo durante muito tempo com o discurso do Fome Zero. Tentava colar a oratória à sua condição de retirante nordestino para sensibilizar seus conterrâneos. Assim, com esse apelo demagógico, transformou o Bolsa Família no maior reduto eleitoral do país. Enquanto reafirmava a sua decisão de tirar o povo da miséria, permitia que seus comparsas roubassem bilhões das empresas públicas empobrecendo o Brasil.
Tanto ele como a Dilma utilizaram-se de forma irresponsável o Bolsa Família nas campanhas políticas. Chantageavam os eleitores com o fim do programa caso perdessem a eleição. O apelo deu tão certo que os petistas ficaram no poder durante doze anos com os votos das regiões mais carentes do país, onde a população sentia-se assustada com o fim do programa.
Lula, na verdade, fez o discurso do Messias: “Eu, como retirante, sou o único que pode tirar vocês da miséria porque, como vocês sabem, também vim da miséria, sou um retirante Nordestino. O resto é elite”. Colou, reelegeu-se e ainda fez o sucessor, enquanto subia os degraus da escalada social da elite surrupiando o dinheiro do povo brasileiro.
Michel Temer poderia ter sido mais discreto ao anunciar o aumento do Bolsa Família congelado desde abril para não incorrer no vício da demagogia. Afinal de contas, o programa ajuda as famílias mais pobres mas não deixa de ser um assistencialismo que desnivela mais ainda essa baixa classe social, já que seus dependentes vão continuar na miséria, sem emprego e sem esperança.
O Bolsa Família asfixia e paralisa os reféns dessa migalha porque o governo não tem projetos para reduzir o programa a curto prazo. Ou seja: não capacita seus dependentes para o mercado de trabalho, mantendo-os no ócio e na escravidão da doação. Se pensou, com o ajuste, fazer uma média com os miseráveis, Temer acertou. Atitude, porém, condenável para quem acena com a bandeira da mudança administrativa.
Acredito que muitos brasileiros até apoiam o aumento do Bolsa Família, afinal de contas é certo que o dinheiro tira alguns da miséria absoluta. Mas duvido que referendem o reajuste do servidor público, em um país com a economia fragilizada, que só faz aprofunda ainda mais o fosso social.
Ora, doutor Temer, Vossa Excelência deveria ter sido poupado de tal constrangimento por seus assessores. Anunciar que vai gastar até 2019 mais de 50 bilhões de reais com o servidor público, o senhor há de convir, não é motivo para discurso de exaltação em um país com a economia em frangalhos.
Se Vossa Excelência estivesse na iniciativa privada, saberia que não se reajusta empregado quando a empresa está quebrada. E o Brasil, como é notório, está pré-falimentar. O governo, portanto, administra o caos. No entanto, esbanja riqueza quando aumenta seus funcionários, distribui bilhões para o governo corrupto, irresponsável e perdulário do Rio de Janeiro, perdoa temporariamente as dívidas dos estados e gasta além da conta.
Doutor Temer, este foi o modelo adotado pelo PT que levou o país à bancarrota, o modelo do improviso e do populismo desavergonhado, que o Brasil conhece. O povo espera do senhor mais austeridade no comando do governo para que o país não volte à anarquia da corriola petista, de triste lembrança.
A voz rouca das ruas não está muda.
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