Lá há dois bairros de casas simples, muitas com tijolos expostos: Nova Esperança e São Luiz. Os bairros são separados por um riacho de vegetação densa, que complicava a vida dos moradores.
A questão, dizem, é que apenas um dos bairros conta com um posto de saúde. E apenas na outra margem há um ponto do ônibus que vai para o centro comercial da cidade.
Instalaram passagens de madeira, mas toda chuva mais forte carregava as estruturas improvisadas rio abaixo. Pediram uma ponte à prefeitura, mas a resposta foi que não havia recursos em razão da crise econômica.
Cansadas de esperar por duas décadas, duas donas de casa que moram em lados diferentes do rio - Manoelina dos Santos, de 72 anos, e Juracy da Conceição, de 65 anos, tiveram uma ideia: e se os moradores fizessem a ponte?
“Se dependessemos do poder público, iríamos esperar mais 10 anos" diz o comerciante Adalto José Soares, de 52 anos, filho de Manoelina. “Aí tomamos essa atitude, arrecadamos dinheiro com os moradores e fizemos", afirma, em conversa com a BBC Mundo, o serviço em espanhol da BBC.
Resultado: uma ponte bem mais barata, 98% do valor estimado pela prefeitura, e com recursos levantados em apenas um mês - uma lição em um país cujo poder público parece em decomposição.
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