Outros, seguramente, haveria. Mas fiquemos com estes para um breve exame da nova realidade que a crise vem estabelecendo.
O prestígio e popularidade desses nomes, que os incluem em todas as listas de presidenciáveis, estabeleceram-se em outro país, aquele que precedeu a Lava Jato. Esse país, porém, já não existe.
O que irá sucedê-lo não se conhece ainda. Emergirá (está emergindo) do caos, decorrente da crise – política, econômica, social e moral -, que, como um tsunami, engole toda a classe política e põe sob suspeita o conjunto das instituições do Estado.
São impressionantes: 73,4% dos eleitores não votariam “de jeito nenhum” em Lula; 62% não votariam em Geraldo Alckmin; 61,9% em Aécio Neves; 58,2% em José Serra; e 57,5% em Marina.
“De jeito nenhum”, frisam os entrevistados. Nenhum deles, portanto, será o próximo presidente da República.
Com tal grau de rejeição – e aí se trata de questão aritmética -, é impossível eleger-se. E com um detalhe: o fator de desgaste – o processo da Lava Jato – ainda está longe do fim, em pleno curso, prometendo novas revelações e convulsões.
O protagonismo do PT é indiscutível: conferiu à corrupção padrão sistêmico, elevando-a a níveis sem precedentes, aqui e em toda parte. A ladroagem saiu da esfera do milhão para a do bilhão – bilhões -, comprometendo a economia do país e a própria governabilidade. Nunca antes.
Mas o PT não agiu só: teve parceiros, colaboradores e companheiros eventuais de viagem, alguns da própria oposição, o que fez estender o descrédito a toda a classe política, a pecadores e eventuais justos – e a pesquisa espelha esse estrago.
Não apenas as dimensões da roubalheira a distinguem das convencionais, que marcaram a história do Brasil. Havia um propósito diferenciado: sustentar um projeto de poder que se pretendia eterno e que incluía aliança com países vizinhos, na construção da Pátria Grande, de teor socialista-bolivariano.
Quando se abrir a caixa preta do BNDES, a real dimensão financeira dessa aliança, jamais posta em debate com a população, e jamais a ela revelada em cifras, será enfim conhecida. A boa notícia é que esse projeto morreu e não há chances de ressurreição.
Sabe-se, portanto, do que o país se livrou. Mas não se sabe o que o aguarda. O declínio dos cardeais políticos não ensejou ainda o surgimento de novas lideranças, o que, em regra, exige tempo.
Nesse sentido, a continuidade de Temer favorece essa transição até 2018, tempo necessário para que o país se acostume com novas fisionomias (que se espera apareçam) e absorva novas propostas que ainda não vieram à tona.
Mas nem o próprio Temer consegue prever o que lhe ocorrerá amanhã. Em um mês, menos três ministros, inclusos na Lava Jato. O país adapta-se ao dito bíblico segundo o qual cada dia tem sua própria agonia. Um dia de cada vez, portanto.
Nesse ambiente de imprevisibilidade, a economia procura se equilibrar, com avanços modestos, o que já é uma façanha, visto que lidava até há pouco com solavancos e retrocessos. Nesse segmento, o econômico, Temer acertou. Fez opções técnicas.
Se não tivesse cedido ao assédio político-partidário de seus aliados – alguns dos quais já estavam no radar de Sérgio Moro -, teria se poupado (e ao país) dos contratempos e desgastes que o incluem no rol dos enjeitados pela opinião pública.
Não, porém, no nível de rejeição dos que postulam sua sucessão. A pesquisa do Instituto Paraná revela que 53,5% dos brasileiros ainda acreditam que cumprirá todo o mandato, embora, até aqui, apenas 36,2% aprovem sua administração.
É o que temos. Ninguém imaginou que o pós-Dilma oferecesse um céu de brigadeiro. As previsões meteorológicas ainda são ruins.
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