As TVs locais mostraram um pronunciamento da Dilma em que ela fala de um “golpe especial” para retirá-la do poder. Os patrícios não entenderam muito bem e insistiram para que eu explicasse que modalidade é essa de “golpe especial”, já que por aqui não existem variações de golpes. Foi difícil explicar, mas procurei o atalho mais simples: a presidente do Brasil é assim mesmo: uma pessoa destrambelhada, confusa, mente turva, não consegue juntar bem as palavras. Disse que ela vai continuar batendo na mesma tecla do golpe porque não consegue justificativa para o caos que provocou na economia e para o maior escândalo de corrupção da história do país em que ela e o seu partido se envolveram.
Disse também para alguns amigos por aqui que o governo petista atrasou o Brasil em mais de vinte anos, depois de pegar o país com as finanças equilibradas, inflação baixa e pleno crescimento. Agora, na saída da Dilma, eles tentam, como aves de rapina, limpar mais ainda os cofres. Se não fosse a intervenção do ministro Gilmar Mendes, do STF, a Dilma iria torrar 85 milhões de reais em propaganda institucional da presidência como se o país estivesse nadando em dinheiro. O pedido extraordinário desses recursos foi feito ao Senado e, em bom tempo, o ministro barrou a farra ao apagar das luzes.
Os patrícios por aqui, como a gente aí, já se convenceram de que o Brasil só sairá do buraco com a saída da Dilma e da quadrilha petista que continua assaltando os cofres públicos. Eles não entendem, contudo, como o Eduardo Cunha, outro corrupto de carteirinha, continua presidindo a Câmara dos Deputados. Explico que a assepsia também chegará a ele que responde a dezenas de processos no Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Eles acham, contudo, que com a posse de Michel Temer dificilmente Cunha será punido porque, a exemplo de Lula protegido por Dilma, a tendência de Temer é livrar a cara de Cunha com a conivência do STF. Irrespondível.
Atualizados com as notícias sobre o Brasil, segundo eles, uma das maiores potências econômicas do mundo, os patrícios discutem sobre o destino político da nação e ficam surpresos e, até perplexos, com as notícias que chegam daí. Por exemplo, eles não entendem como um ex-governador faz um discurso nas suas bases chamando um ministro do STF de “corno” e o Procurador-geral da República de “ladrão” e nada acontece. Tento explicar que os irmãos Gomes, lá do Ceará, são desbocados, afetados por um profundo complexo de inferioridade. Estão acostumados a dizer impropérios contra as instituições e as autoridades e nada acontece pela passividade da nossa justiça.
Eles acham que o Brasil está passando por uma crise moral e ética (irrespondível). Os poderes, segundo eles, estão decadentes e, por isso, pessoas como o ex-governador Cid e o irmão dele, o Ciro, destratam as pessoas dessa forma sem que haja punição exemplar. É verdade, não se entende essa falta de respeito contra o ministro Teori Zavascki, do STF, e o procurador Rodrigo Janot, responsáveis pela apuração da operação Lava Jato. Entramos no fundo do poço, numa anarquia geral.
Outros patrícios que conheço por aqui, homens de negócios, escritores e jornalistas também estão assustados com a demência do país, o vazio e o abandono das instituições. Eles são unânimes em afirmar que o governo não só acabou como fechou os ministérios. Explico-lhes que existem vários ministérios sem os titulares porque as pessoas se negam a ocupar as pastas. Temem ter seus nomes ligados ao governo corrupto do PT. Preferem se preservar a se envolverem nas maracutaias que já levaram muitos à cadeia.
Não faz muito tempo, eu fazia perguntas semelhantes a esses mesmos patrícios de como Portugal tinha chegado ao fundo do poço, com a sua economia destroçada. Existia por aqui, à época, um clima de pessimismo e de derrota quando José Sócrates, ex-Primeiro Ministro, e a sua turma, estavam no poder. Agora, Sócrates e seus amigos, estão na cadeia e a economia do país em franco desenvolvimento. Somos irmãos siameses.
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