terça-feira, 12 de abril de 2016

Como são construídas as grandes nações

A história mostra que as grandes nações sempre foram construídas com políticas públicas capazes de realizar grandes transformações e a busca incessante pelo verdadeiro progresso: o bem estar social e o crescimento econômico associado à sustentabilidade e ao desenvolvimento dos setores mais relevantes na economia dos países: indústria, comércio e os serviços e agronegócio, além da tecnologia, que permeia todos esses setores.

Ocorre que a tarefa de modernizar um país depende de alguns parâmetros, como a existência de uma educação de qualidade, a oferta de serviços de saúde para todas as camadas da população, a construção dos meios de escoamento da produção, de novos ordenamentos nas cidades, cada vez mais inteligentes, e da produção de energia.


Na sociedade do conhecimento, torna-se imperioso que operários, técnicos e engenheiros sejam portadores das competências e habilidades demandadas pelos novos tipos de serviços e pelas profissões que surgem todos os dias.

Atualmente a "inteligência competitiva" é regida pela inovação, pelo conhecimento e pelo empreendedorismo.

Essas três variáveis devem ser vistas como indissociáveis e qualquer nação que pretenda construir um projeto consistente e que conduza a bons resultados, deve estabelecer a formação de mestres e doutores como uma de suas prioridades.

Nesse aspecto, até fomos muito bem nas últimas décadas, pois hoje, com cerca de 3500 programas de pós-graduação, já estamos formando mais de 15 mil doutores e 40 mil mestres anualmente. Entretanto, os cursos em áreas estratégicas, como as de ciências biomédicas, engenharias e tecnologia, ciências agrárias, física e matemática, ainda são poucos. Nestas áreas é que ocorre o avanço da competitividade das empresas.

É também forçoso reconhecer a importância de enviar nossos pesquisadores para estudos no exterior, na medida em que terão a oportunidade de trabalhar em laboratórios que atuam na fronteira do conhecimento, onde a inovação se desenvolve plenamente.

Segundo o relatório do "Council of Graduate Schools", de 2015, o número de solicitações de matrículas de alunos estrangeiros nos cursos de pós-graduação nos Estados Unidos chegou a quase 700 mil. Desses, aproximadamente 280 mil (39%) eram chineses, 196 mil (28%) indianos e 28 mil coreanos (4%).



Se considerarmos as relações entre as populações dos dois primeiros países e a do Brasil, concluiremos que deveríamos ter pelo menos 36 mil estudantes brasileiros realizando seus estudos pós-graduados nos Estados Unidos. Infelizmente, eram apenas 7 mil (1%), cerca de 25% do total de estudantes coreanos, país que tem 27% da nossa população.

Relações similares podem ser obtidas com Reino Unido, Alemanha, França e Itália, onde ciência, tecnologia, inovação e a economia criativa têm também expressão mundial. Além disso, uma análise da série histórica mostra que, nos anos 90 os percentuais de estudantes dos países mencionados já era grande.

E por que? Porque a construção da capacidade em ciência, tecnologia e inovação é lenta, mas tem que ser contínua e prioritária.

Os resultados são mais do que óbvios: chineses, indianos e coreanos ocupam grandes espaços no fluxo de comércio internacional e a competitividade da nossa indústria se dissolve rapidamente.

Os jornais têm noticiado o corte de novas bolsas de doutorado no país e no exterior e a diminuição do programa "Ciência sem Fronteiras".

A política econômica vem sendo nociva ao desenvolvimento e imobiliza as universidades e institutos de pesquisa, que sofrem com este corte de bolsas e com o contingenciamento das verbas para investigação e manutenção dos laboratórios.

Será que estamos fadados a ser apenas um país grande, pelas suas dimensões e pela sua população, sem qualquer chance de nos tornarmos uma grande nação?

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