Considere os seguintes exemplos emocionalmente carregados. É certo ou errado matar um bebê por um milhão de dólares? E quanto a matar uma escola cheia de crianças por um milhão de dólares? Ou matar um membro se sua própria família por um trilhão de dólares?
Por mais horrendo que seja sequer considerar cometer atos tão sórdidos, o valor monetário — um reflexo dos recursos materiais e humanos do trabalho — não determina por si só se algo é ou não correto.
Agora considere o assistencialismo estatal. É certo ou errado ajudar uma pessoa pobre? E quanto a oferecer educação às crianças? Ou garantir que todos tenham acesso à saúde? Essas coisas parecem ser corretas à primeira vista e, portanto, o custo pouco importa para a esquerda. A escassez e o modo como os recursos são empregados não são levados em consideração. Seja de forma voluntária ou involuntária, pouco importa como é feito. Logo, não importa se o governo força as pessoas a fazer algo contra sua vontade ou não.
Agora pense nas leis desarmamentistas, as quais sofrem de ausência de evidências factíveis para assegurar a própria eficiência, dada as restrições do mundo real. Armas não podem ser desinventadas – apenas retiradas e colocadas nas mãos de um outro alguém. Mas como as armas fazem os esquerdistas ficarem com nojinho, é melhor pedir ao governo para desaparecer com elas.
Como muitos esquerdistas são dominados por emoções e se entediam facilmente com fatos e a razão, a maioria pouco se importa com as consequências de suas próprias ações. Eles apenas desejam que as coisas melhorem. Isso não quer dizer que os esquerdistas sejam idiotas; eles são especialistas nos subterfúgios e no sofisma. Eles colocam a carroça na frente dos bois – emoção antes da razão.
Hoje o típico totalitário de esquerda não é mais um bandido em trajes de guerrilheiro, mas um afeminado hipersensível vestindo casaco de lã, cuja obsessão por sentimentos o tornam imune a argumentos racionais. O perigo de dar ao governo poder ilimitado para fazer o “bem,” assim como outras coisas, é ignorado ou desprezado pelo esquerdista, já que o simples pensamento de se conformar com um mundo imperfeito o incomoda. É por isso que a esquerda jamais aprenderá com a história: o passado é apenas um prólogo para a utopia vindoura, a qual será perfeita, justa e igualitária.
Esquerdistas são militantes que amam tanto o próximo que estão dispostos a obrigar as pessoas a pagar a conta de qualquer causa que eles considerem oportunas. Salvar o planeta, mesmo que isso signifique fazer outras pessoas sofrerem (veja a malária e as DSTs; subsídios para o etanol e a fome mundial; a histeria do aquecimento global, etc.). Travar uma guerra sem fim e autodestrutiva contra a pobreza, enquanto empobrecem a nação. Ignorar a natureza humana, como se punir o comportamento produtivo e subsidiar a ociosidade não fosse danificar a economia ao longo de gerações. Estamos igualmente pobres, mas a esquerda se sente melhor por ter tentado.
Tal pensamento negligente faz toda discussão sobre dívida inútil. Não importa quão racional sejam os limites que se coloquem ao assistencialismo; o esquerdista simplesmente rotulará o argumentador como inimigo do povo por sugerir que exista limites ou que deva haver limites. E o fato óbvio de que o governo não pode curar todos os males do mundo se perde. Como Thomas Reed escreveu, “[u] ma das maiores ilusões do mundo é a esperança de que os males deste mundo devem ser curados pela legislação.”
Para piorar, se alguém diz que é dono de sua própria vida, o esquerdista tem duas reações: primeiro, diz que a pessoa é egoísta e gananciosa; e segundo, que os regimes socialistas são perfeitamente compatíveis com a liberdade e a democracia. Claro que não são – como os observadores políticos mais perspicazes desde Alexis de Tocqueville têm denunciado:
A democracia valoriza o que cada homem tem de melhor; o socialismo faz de cada homem um agente, um instrumento, um número. Democracia e socialismo, têm somente uma coisa em comum: a igualdade. Mas note bem a diferença. A democracia tem como objetivo a igualdade na liberdade. O socialismo deseja a igualdade na restrição e na servidão.
O ser humano não precisa de coerção para fazer o que é certo para si, mas a coerção é necessária para forçar que seres humanos forcem os outros a se sacrificarem por eles. O caminho para tornar o mundo melhor é simples: as pessoas devem parar de usar a coerção para obrigar os outros a serví-los, e as pessoas devem servir a si próprias. Deve haver liberdade civil, econômica e respeito aos indivíduos. É disso que se trata o sistema de livre mercado: servir a si mesmo enquanto se serve aos demais e, especificamente, através da oferta de bens e serviços em troca de dinheiro.
Ah, mas isso é tão cruel!
“Mas qual é a resposta do conservador para todo o sofrimento do mundo?” os gritos de esquerda. “O que faremos a respeito de [cite um infortúnio]? Será que os conservadores realmente querem fazer algo?”
A melhor resposta é fornecida por Frederic Bastiat.
O socialismo, como as antigas idéias das quais esta deriva, confunde a distinção entre governo e sociedade. Como resultado, cada vez que nos opomos a algo ser feito pelo governo, os socialistas concluem que nos opomos a que algo seja feito. Nós desaprovamos a educação estatal. Em seguida, os socialistas dizem que somos contra qualquer tipo de educação. Opomo-nos a uma religião estatal. Em seguida, os socialistas dizem que não queremos nenhuma religião. Opomo-nos a uma igualdade imposta pelo Estado. Então eles dizem que somos contra a igualdade. E assim por diante. É como se os socialistas acusasem-nos de não querer as pessoas famintas porque não queremos que o estado semeie grãos.
A melhor resposta ao esquerdista que acha estar do lado do bem e que, portanto, os meios para seus fins são irrelevantes, é que ninguém nasce neste mundo como propriedade de qualquer outra pessoa, incluindo o conceito abstrato de “sociedade.” A objeção contra tal raciocínio é este conter uma premissa implícita validando a escravização de alguns seres humanos por outros. Uma vez que este é um anátema para o estado natural e é evidentemente grotesco, toda justificativa racional para um governo onipotente está descartada. A vida de um ser humano é seu próprio meio e fim.
O surgimento da civilização se deve à razão e não a pura emoção, à medida que empreendimentos agrícolas e produtivos permitiram aos seres humanos utilizarem recursos no ambiente para melhorar sua situação. A politização da emoção, ou o uso da força para impor sentimentos, leva à anarquia e à destruição social. Esquerdistas devem levar isso em conta antes de acreditar que qualquer infortúnio particular obriga a socialização do sofrimento; antes de remediar a miséria acumulada sem nunca exterminá-la — seja por meio da dívida ou por meio do extermínio em massa de vidas humanas.
Em oposição a este histórico de catástrofe social, a Constituição é o pináculo da ciência política racional e a barricada jurídica contra a mentalidade coletivista que impulsiona a democracia das massas. Demagogos surgem no âmbito de tal sistema de governo, porque eles prometem grande parte dos espólios do governo, enquanto atiçam as chamas do populismo. O Estado de Direito e o método científico foram desenvolvidos justamente para proteger os seres humanos do perigo de agir na ignorância e de forma puramente emocional. Políticos do Partido Democrata e ativistas de esquerda, por outro lado, aproveitam-se destas vulnerabilidades humanas.
Kyler Becker (Tradução: Rodrigo Carmo)
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