Getúlio Vargas começava seus discursos com um longo, lento e sofrido "Trabalhadooooores do Brasil..." -ele pronunciava zil, não zíu- e não precisava dizer mais nada. Jânio Quadros falava português do século 17 com sotaque de "PRK-30" -renunciou à presidência da República e se explicou: "Fi-lo porque qui-lo". E Lula habituou-se a mentir, desmentir-se, dizer e desdizer-se com tal ênfase que ainda o levam a sério. Mas, à sua maneira, todos davam o recado. Já Dilma Rousseff, diante do menor improviso, acerta caneladas em palavras, períodos e significados.
No fim de semana, Dilma declarou que esperava "integral confiança" de seu vice Michel Temer. O que significava? Que Temer tinha "integral confiança" nela. Na verdade, Dilma, com seu estilo patafísico de falar e governar, queria dizer que ela, sim, é que tinha "integral confiança" nele. Michel Temer entendeu e, para não perder tempo, respondeu que, ao contrário, Dilma "nunca confiou" nele. Pronto, deu-se a crise.
Aposto que, nos anos 60, quando deveria estar lendo "A Moreninha", "A Mão e a Luva" ou "O Guarani", clássicos românticos da literatura e então modelos de como falar e escrever, a menina Dilma estava mergulhada nos manuais de Althusser, Plekhanov e Lukàcs, ásperos vade-mécuns do marxismo, traduzidos do espanhol. Isso pode ter forjado o seu jeitão de caminhar, abrindo caminho com os ombros, e principalmente sua crespidão mental.
Muita gente pensa bem, mas se exprime mal. Dilma congrega o pior dos dois mundos. O histórico disso está no recente "Dilmês - O Idioma da Mulher Sapiens", de Celso Arnaldo Araujo, um apanhado crítico e altamente documentado das batatadas de Dilma, de seus tempos de superministra de Lula até agora.
Hoje, este é um livro sério e preocupante. No futuro, será um clássico do humor brasileiro.
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