terça-feira, 17 de novembro de 2015

O mundo mudou. E agora?

Quem estuda a história militar conhece bem as batalhas que mudaram a geopolítica, expandindo fronteiras, derrubando governantes e matando milhares.

Waterloo e a batalha da Rússia, na era de Napoleão Bonaparte, são dois exemplos. A segunda foi tão importante para os russos, que a venceram, que Tchaikovsky compôs a belíssima "Ouverture 1812".

A batalha de Verdun, um dos momentos mais heróicos da história da França, transformou-se num marco inesquecível da primeira guerra mundial e trouxe o reconhecimento internacional ao Marechal Petáin, que caiu em desgraça quando decidiu assinar o armistício que consolidou a ocupação da França pela Alemanha nazista.

Na segunda grande guerra, as batalhas históricas foram numerosas, como as de Iwo Jima, Guadalcanal e o Dia D, quando se iniciou a derrocada dos alemães.

A sociedade do conhecimento trouxe inúmeros benefícios à humanidade, como a utilização da ciência no tratamento de doenças até recentemente incuráveis, a realização de grandes obras de engenharia e o aumento da produção de alimentos.

A globalização acelerou-se acentuadamente nas últimas décadas do século XX, provocando mudanças sensíveis no conceito de nação e na ordem econômica, concretizada nos tratados de livre comércio.

As instâncias de decisão foram deslocadas dos estados-nação para organizações internacionais, como o Conselho de Segurança da ONU e a Organização Internacional do Comércio.

A moeda única retirou os símbolos nacionais mais fortes na identidade dos países.

A internet e a televisão tornaram mais curtas as distâncias.

Alguns conceitos, muitos deles seculares, mudaram fortemente. As guerras passaram a ser pontuais, regionais e apoiadas nas ações terroristas. Podem ocorrer em terra firme, no mar ou no ar.

No mar, elas são vistas diariamente naqueles milhares de refugiados que cruzam o Mediterrâneo, preferindo morrer à enfrentar a tortura. No ar, quando um avião com turistas russos é detonado em vôo. Acontecem nos subterrâneos, repletas de ações clandestinas e perversas.

Hoje, atos terroristas. como os que ocorreram na última semana em Paris, ou em Beirute, têm grande repercussão por todo o planeta. A globalização nos aproxima perigosamente das zonas de conflito, levando à todos os países um estado de tensão incomum. A reação não é apenas daquele país atingido e sim de toda a comunidade internacional.

Dessa forma, a guerra é realimentada numa espiral cada vez mais mortal, onde, quando menos se espera, centenas de inocentes são assassinados. Na verdade, esta espiral começou há muitos anos e é um resultado de políticas imprudentes das grandes potências.

Mas o mundo globalizado não aceita mais as guerras, sejam elas as “antigas”, convencionais, ou as “novas guerras”. Esta últimas não acontecerão mais nos campos de batalha, não identificarão seus heróis e não serão celebradas pelos grandes compositores.

É urgente que as organizações internacionais, que foram criadas para dar fim aos conflitos, deixem de se comportar como observadoras, e parem de se limitar aos inócuos discursos de advertencia ou de tomar posições equivocadas, movidas até por interesses de um ou outro país. É preciso que assumam o protagonismo, sem titubear, e com a firmeza que a situação exige.

Também é inaceitável que continuemos a dar guarita ao terrorismo internacional ou a reconhecer nações que fizeram da xenofobia e da perseguição política ou religiosa suas formas de se manter.

Chegou o tempo de uma nova organização global das nações, capaz de responder com rapidez e eficácia aos desafios trazidos pela realidade do século XXI. Ou será que devemos renunciar de vez à nossa liberdade?

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