O déficit público é a mais perfeita armadilha para caçar raposas. Este animal é tido por ser muito esperto e atilado e cheio de manhas e artimanhas para alcançar seus objetivos. Não trabalha em linha reta e é imprevisível, quando menos se espera dá o bote. Por isso os espertos da política são apelidados de “raposas”, expressão que é mesmo elogiosa vista do ponto de vista da finalidade da política, mas não da ética. Em geral, os “raposas” são seres sem escrúpulos.
A esperteza da raposa, todavia, é relativa, visto que ela cai frequentemente em armadilhas. As armadilhas para pegar raposas são as que contam com a sua esperteza, pois ela entra no buraco sem saída para pegar a isca sem ao menos se dar conta e se torna vítima fatal dos caçadores. Sempre foi assim. As raposas do PT acharam que poderia dar um “pelé” na lei da escassez e fabricar uma prosperidade artificial praticando déficits. Durou o período pré-eleitoral, quando ninguém ainda tinha se dado conta da esperteza posta em prática. Ao se revelar a verdade, o que se viu foi a raposice inteira presa à armadilha. O déficit público é a corda que está enforcando os espertalhões que praticaram o estelionato eleitoral.
As leis econômicas são conhecidas até mesmo pelos economistas desenvolvimentistas, que insistem na esperteza de desconsidera-las. A raposice do PT morrerá vítima de dois tiros fatais: a disparada da inflação e a depreciação do câmbio. Esse momento que vivemos de escalada da inflação é particularmente doloroso, já temos duas gerações que se habituaram a taxas de inflação civilizadas. Os jovens não sabem o que é o desconforto de ter que gastar todo o dinheiro antes, para que ele não se deprecie. Melhor dizendo, para escapar à depreciação. A inflação empobrece violentamente os mais pobres, pois é altamente regressiva do ponto de vista da distribuição de renda. Na prática, a inflação é um imposto sobre os mais pobres, pois os mais ricos, e quanto mais rico isso é verdadeiro, têm como se proteger da moléstia.
Parcialmente, é verdade, pois nessa fase de aceleração normalmente verifica-se queda do PIB (está acontecendo agora), desorganizando os mercados e retraindo a demanda. Aqueles que têm atividade econômica, mesmo de grande porte, sofrem, perdem. Com a desordem que se instalou em 2015, quantos alugueres deixaram de ser pagos? Quantas vendas foram assassinadas? Quantos empréstimos deixaram de ser liquidados? Quantas empresas fecharam as portas? Estou vendo aqui da ótica dos patrões, não a dos desempregados, que ficaram à mercê da sorte. O drama dos mais pobres é exponencialmente agravado pelo desemprego. É o afundar na miséria atroz.
Os oligopólios, que tentam dolarizar os preços dos seus produtos, estão vendo suas participações de mercado despencarem. As marcas mais baratas estão sendo as preferidas pelos consumidores. O down tranding é a dura realidade que se encontra no mercado, que está sofrendo perda de renda. É bastante divertido, mas tétrico, ver esse teatro em ação. Os que inicialmente se locupletaram com a expansão artificial do consumo agora estão sofrendo a ressaca e dela não há como escapar.
Um tipo de gente está acima da crise e mesmo lucra com ela. São os rentistas, os portadores de capital aplicados em títulos do governo. Este paga os maiores juros do mundo, que se tornaram a rubrica orçamentária mais expressiva. Parte considerável da arrecadação está destinada a manter esses juros nas alturas, regiamente pagos. Por isso mesmo banqueiros e rentistas pleiteiam a estabilidade da relação dívida/PIB e, para tanto, não hesitam em propor coisas absurdas como a volta da CPMF. Os rentistas querem resolver o problema do déficit público sem que se olhe o lado da despesa, pois assim não colocam o eleitorado conta si. Eles também são raposas à sua moda, eles também caem em armadilhas. Vamos ver quais tiros lhes estão destinados pelo agravamento da crise. O caso grego foi bastante emblemático.
Os rentistas, junto com os funcionários públicos, são a classe mais conservadora do Brasil, pois detestam mudanças que possam ameaçar suas rendas e seu status quo. É uma espécie de conservadorismo revolucionário, que não hesita em pregar a igualdade econômica e social e praticar as maiores iniquidades em sentido contrário. Junto com os rentistas, os funcionários públicos são os maiores usufrutuários do iníquo arranjo social brasileiro, muito bem espelhado na peça orçamentária anual. Basta ver o que se gasta com ambos.
E o que esperar de 2016? Mais do mesmo. Mais inflação, mais desemprego, mais desvalorização do câmbio. Não se deve acreditar nos cenários dos economistas oficialistas, que sempre veem o cenário do futuro imediato melhor do que o atual. Nenhuma economia pode sair da crise sozinha, ou só o pode mediante uma catástrofe social. Como Dilma Rousseff nada está fazendo para enfrentar a crise, o que veremos é seu agravamento. Para meu uso particular estou trabalhando com queda de PIB de 3%, inflação de 12% e câmbio médio a 4,50. Certo, é meu otimismo particular, mas fazer o que? A realidade poderá se revelar bem pior.
Quem viver verá.
As leis econômicas são conhecidas até mesmo pelos economistas desenvolvimentistas, que insistem na esperteza de desconsidera-las. A raposice do PT morrerá vítima de dois tiros fatais: a disparada da inflação e a depreciação do câmbio. Esse momento que vivemos de escalada da inflação é particularmente doloroso, já temos duas gerações que se habituaram a taxas de inflação civilizadas. Os jovens não sabem o que é o desconforto de ter que gastar todo o dinheiro antes, para que ele não se deprecie. Melhor dizendo, para escapar à depreciação. A inflação empobrece violentamente os mais pobres, pois é altamente regressiva do ponto de vista da distribuição de renda. Na prática, a inflação é um imposto sobre os mais pobres, pois os mais ricos, e quanto mais rico isso é verdadeiro, têm como se proteger da moléstia.
Parcialmente, é verdade, pois nessa fase de aceleração normalmente verifica-se queda do PIB (está acontecendo agora), desorganizando os mercados e retraindo a demanda. Aqueles que têm atividade econômica, mesmo de grande porte, sofrem, perdem. Com a desordem que se instalou em 2015, quantos alugueres deixaram de ser pagos? Quantas vendas foram assassinadas? Quantos empréstimos deixaram de ser liquidados? Quantas empresas fecharam as portas? Estou vendo aqui da ótica dos patrões, não a dos desempregados, que ficaram à mercê da sorte. O drama dos mais pobres é exponencialmente agravado pelo desemprego. É o afundar na miséria atroz.
Os oligopólios, que tentam dolarizar os preços dos seus produtos, estão vendo suas participações de mercado despencarem. As marcas mais baratas estão sendo as preferidas pelos consumidores. O down tranding é a dura realidade que se encontra no mercado, que está sofrendo perda de renda. É bastante divertido, mas tétrico, ver esse teatro em ação. Os que inicialmente se locupletaram com a expansão artificial do consumo agora estão sofrendo a ressaca e dela não há como escapar.
Um tipo de gente está acima da crise e mesmo lucra com ela. São os rentistas, os portadores de capital aplicados em títulos do governo. Este paga os maiores juros do mundo, que se tornaram a rubrica orçamentária mais expressiva. Parte considerável da arrecadação está destinada a manter esses juros nas alturas, regiamente pagos. Por isso mesmo banqueiros e rentistas pleiteiam a estabilidade da relação dívida/PIB e, para tanto, não hesitam em propor coisas absurdas como a volta da CPMF. Os rentistas querem resolver o problema do déficit público sem que se olhe o lado da despesa, pois assim não colocam o eleitorado conta si. Eles também são raposas à sua moda, eles também caem em armadilhas. Vamos ver quais tiros lhes estão destinados pelo agravamento da crise. O caso grego foi bastante emblemático.
Os rentistas, junto com os funcionários públicos, são a classe mais conservadora do Brasil, pois detestam mudanças que possam ameaçar suas rendas e seu status quo. É uma espécie de conservadorismo revolucionário, que não hesita em pregar a igualdade econômica e social e praticar as maiores iniquidades em sentido contrário. Junto com os rentistas, os funcionários públicos são os maiores usufrutuários do iníquo arranjo social brasileiro, muito bem espelhado na peça orçamentária anual. Basta ver o que se gasta com ambos.
E o que esperar de 2016? Mais do mesmo. Mais inflação, mais desemprego, mais desvalorização do câmbio. Não se deve acreditar nos cenários dos economistas oficialistas, que sempre veem o cenário do futuro imediato melhor do que o atual. Nenhuma economia pode sair da crise sozinha, ou só o pode mediante uma catástrofe social. Como Dilma Rousseff nada está fazendo para enfrentar a crise, o que veremos é seu agravamento. Para meu uso particular estou trabalhando com queda de PIB de 3%, inflação de 12% e câmbio médio a 4,50. Certo, é meu otimismo particular, mas fazer o que? A realidade poderá se revelar bem pior.
Quem viver verá.
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