Apesar disso, e abrindo-se ainda a hipótese de o acordo ser desfeito, salta aos olhos estar avançada a lambança no Executivo e no Legislativo. Participam dela, além dos três personagens centrais, o vice Michel Temer, o chefe da Casa Civil, Jacques Wagner, o ministro da Justiça, Eduardo Cardoso, e os principais líderes do governo e da oposição, do PT, do PMDB e do PSDB.
No fundo, desejam todos salvar-se pretendendo que tudo continue como está: nenhuma punição política e muito menos jurídica para os que sabiam e participaram da roubalheira, rasgaram a Constituição, descumpriram e lei e levaram o país ao desastre em que se encontra. Desde que salvem o pescoço, sacrificam a ética e a verdade. Uns poucos ainda reagem, mas a maioria entoa a Oração de São Francisco em sua versão mais cruel: é dando que se recebe. No caso, propinas, dinheiro podre, a falência das instituições e o descalabro que nos assola. Tratar de superar a crise econômica, nem pensam.
Indaga-se até quando o Brasil viverá no reino da licenciosidade, assistindo de braços cruzados desenvolver-se o império da impunidade. Pelo jeito, não há prazo para a indignação popular se levantar.
Calcula o Banco Central que este ano o Brasil pagará 500 bilhões de reais de juros, tanto para os bancos quanto para os especuladores, que no fundo são a mesma coisa. E nem se cogita de reduzir a indecente taxa de 14.25% ao mês para o cidadão comum. Os juros do cheque especial e do cartão de crédito chegam a 600% ao ano. Esses números talvez expliquem a melancólica sessão do Congresso onde compareceu o ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Nem o PT compareceu, como devia...
Nenhum comentário:
Postar um comentário