segunda-feira, 7 de setembro de 2015

O dia em que Dilma piscou

Uma língua curiosa, a nossa: pode-se dizer, tanto faz, que a presidente Dilma não é capaz de nada, ou que a presidente Dilma é capaz de tudo. Dizem que é brava, mandona, prepotenta, exigenta, ciosa da autoridade. Mas aceitou que o presidente do segundo banco do país, o Bradesco, lhe transmitisse as exigências de grandes empresários para que dessem apoio ao governo. Se ela não aceitasse, Joaquim Levy, indicado pelo Bradesco, pediria demissão. Era pegar ou largar.

Os empresários, entre os maiores do país, se reuniram com Joaquim Levy na noite do dia 2 e na madrugada do dia 3, em São Paulo. Logo depois da reunião, Dilma aceitou voltar aos números que tinha abandonado, como o superávit primário de 0,7% (que tinha virado um déficit de 0,34%). Para isso concordou em cortar despesas até mesmo nos seus programas sociais favoritos e adiar programas de governo que considerava intocáveis. Objetivo dos empresários: manter o Brasil como merecedor do grau de investimento das agências de classificação de risco. Sem esse grau, os empréstimos externos ficariam bem mais caros (esqueça o discurso eleitoral de que o Brasil não deve nada ao exterior. Deve, sim).

É difícil cortar despesas num governo que, numa viagem aos Estados Unidos, aluga 22 limusines para a comitiva; que abriga mais de cem mil funcionários comissionados, sem concurso; que não tem como, por exemplo, retirar os milhares de carros que parlamentares e magistrados têm à disposição. Os empresários se dispõem a ajudar, indicando cortes possíveis.

Possíveis, talvez; mas doloridos.

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