quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Integramos um teatro que torna mais real a nossa própria realidade

Em minhas longas noites de insônia, além da conversa silenciosa que costumo manter com os “meus mortos”, sinto a aguda sensação de que todos, vivos e mortos, fazemos parte de uma grande e miserável peça de teatro que torna mais real a nossa própria realidade.

De vez em quando, rompe o silêncio dessas noites a figura fantasmagórica da presidente Dilma, que está muito viva, mas que se parece cada vez mais com um zumbi, a perambular de bicicleta pelos suntuosos palácios de Brasília, acompanhada pelo ex-presidente Lula. Aproveito a oportunidade para lhe dizer coisas que ninguém lhe diz, nem mesmo o seu criador, e a primeira que me vem à mente, leitor, já deve ter passado infinitas vezes pela sua: o cargo de presidente da República nunca lhe pertenceu, foi-lhe delegado por voto direto pela maior parte do povo brasileiro, que acreditou nas suas promessas, embora tanto ela quanto ele e seus asseclas, ao fazê-las, sabiam que mentiam. Lembro-lhe que o apego ao mandato, além de perigoso, é masoquismo. E que o Brasil é muitíssimo maior do que os seus eventuais governantes.


Digo-lhe que o italiano Giacomo Puccini, que viveu entre 1858 e 1924, jamais imaginou que a ária “Nessun Dorma”, da sua ópera “Turandot”, serviria hoje para titular um dos atos desse teatro miserável, que leva o nome de operação Lava Jato, o mais importante de todos – passados, presentes e futuros. Digo-lhe, também, que o ex-presidente deve botar suas barbas de molho e refletir sobre a afirmação, feita em entrevista pelo procurador Fernando dos Santos Lima, de que o mensalão, o petrolão e a corrupção na Eletronuclear tiveram origem na (sua) Casa Civil, chefiada então por José Dirceu, preso pela segunda vez. E sugiro-lhe conhecer o papel que desempenha na ária o príncipe Calaf.

Ou a presidente ainda não dedicou nem um minuto sequer à reflexão para concluir que já foi longe demais nessa sua viagem? Não percebeu que é responsável pelo sacrifício de milhões de brasileiros?

Lembro-lhe, então, que a Presidência da República lhe caiu nas mãos de graça, mas quem a recomendou – um mestre na astúcia – nunca a quis senão até o seu retorno, com pompa e glória (que ela, em boa hora, simplesmente impediu), e sem compromisso com ninguém, ao cargo que deixou há quase cinco anos. E que o seu criador, na verdade, jamais lhe foi leal e, como se fosse dono do país, nunca escondeu seus reais objetivos. Mesmo assim, ela aceitou que, juntos, praticassem falta gravíssima ao contrair dívida absurda e cruel em nosso nome, e ainda jogaram no lixo os fundamentos éticos que nortearam a maioria dos fundadores do Partido dos Trabalhadores – um partido que, sem dúvida, reacendeu a fé e a esperança em milhões de brasileiros, sobretudo pobres. Praticaram, à luz do dia, um verdadeiro estelionato!

Ou a presidente não se convenceu, definitivamente, de que não pode mais contar com o apoio (que um dia recebeu) dos 54 milhões de votos que lhe foram concedidos, provenientes dos que foram iludidos pelas suas mentiras? A presidente está, afinal, à espera de quê?

Encerro essa noite insone suplicando ao criador e à criatura que, para o bem de todos, reconheçam os erros imperdoáveis que praticaram e deem um adeus definitivo ao sofrido povo brasileiro. E aceitem, finalmente, que nosso país siga feliz e em paz o seu destino, empurrado pela tenacidade da sua gente e pela riqueza da sua natureza!

Os brasileiros têm o direito de tentar uma nova era!

“Sursum corda”!

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