Com o Brasil atual não é diferente. Evitar o inferno viria de menos "politicagem" e mais "política" –bem como mais honestidade, trabalho, investimento e competitividade.
Teríamos de aprimorar a "classe política", pois está é, salvo exceções, corrupta e disfuncional.
Caberia ao brasileiro trabalhar melhor, pois norte-americanos e alemães apresentam produtividade quatro vezes maior.
Seria função do empresariado investir mais, pois não apenas nossa taxa de investimento como percentual do PIB é das mais baixas entre países emergentes mas também a predisposição dos empreendedores brasileiros em correr mais risco na atual conjuntura encontra-se muito fragilizada.
Cumpriria ao governo mais acordos no campo do comércio e de cooperação industrial e tecnológica, pois só assim ofereceríamos novos mercados e parceiros a nossas empresas, garantindo-lhes competitividade e, portanto, longevidade.
De fato, se a política fosse menos corrompida, as relações Estado-sociedade civil seriam mais transparentes, o povo, mais trabalhador, o empresário, menos acomodado e o governo, menos protecionista.
Cumpriria ao governo mais acordos no campo do comércio e de cooperação industrial e tecnológica, pois só assim ofereceríamos novos mercados e parceiros a nossas empresas, garantindo-lhes competitividade e, portanto, longevidade.
De fato, se a política fosse menos corrompida, as relações Estado-sociedade civil seriam mais transparentes, o povo, mais trabalhador, o empresário, menos acomodado e o governo, menos protecionista.
Ninguém aqui ousa negar a importância de políticos probos, atores públicos e privados parametrizados por instituições, prevalência da ética do trabalho, predileção por uma presença internacional mais competitiva das empresas brasileiras.
Todas essas características, no entanto, não se instalam nas nações de forma laboratorialmente sincrônica e uniforme.
Muitos países tidos como competitivos ou mesmo desenvolvidos apresentam flancos vulneráveis em todos esses quesitos.
A Itália tradicionalmente contrasta inoperante esfera governamental com imponente classe empresarial, seja nas firmas de menor porte ou nas gigantes multinacionais italianas.
As relações governo-empresas na China estão longe de serem parametrizada por noções como "compliance", "melhores práticas", "relações com investidores".
As recentes intervenções das autoridades centrais no contexto das oscilações da Bolsa de Xangai é apenas um de muitos exemplos de falta de transparência.
A geração de alemães hoje na faixa dos 70 anos reclama que seus compatriotas mais jovens só querem saber de turnos de serviço de 36 horas por semana.
Assim, o país nivelaria por baixo sua força de trabalho com a atração de mão de obra mais barata e menos qualificada do leste europeu.
Na Coreia do Sul e no Japão, é grande o temor de que os megaconglomerados multissetoriais tenham anestesiado seu apetite por risco e inovação e movimentam-se apenas pela manutenção de seu atual "market share" global.
Apesar de todo apelo conceitual à livre concorrência e a acordos de liberalização comercial, em todos os países que compõem a União Europeia se praticam abusos protecionistas, particularmente no âmbito da PAC, a Política Agrícola Comum.
Nessa linha, fica claro que, para a saída da presente crise brasileira, é impossível copiar imaginários modelos ideais.
Ainda assim, tendo experimentado o inferno, muitas nações conseguiram, chamuscadas, voltar dele por que obtiveram vitórias pontuais, mas concretas –e daí ingressaram num gradual aprimoramento.
Em todos os casos de superação, no entanto, convergiram, como precondições, alguns fatores essenciais: liderança, equipe e estratégia.
Assim foi nos milagres econômicos asiáticos, como os presididos por Lee Kuan Yew em Cingapura e por Park Chung-Hee na Coreia dos Sul.
Tal convergência também se manifestou na Espanha dos Pactos de Moncloa ou no Reino Unido de Thatcher.
Para tais vitórias, foi fundamental que lideranças públicas se associassem a elites funcionais municiadas de um mapa do caminho. Daí a gravidade da conjuntura brasileira.
As nações voltam do inferno quando respondem satisfatoriamente a três questões: quem são os líderes? Quais elites atenderão ao chamado do destino? Quem tem um bom plano?
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