A pressão para que Dilma deixe o assento é onipresente e multidirecional. Afirmar que todas essas forças são movidas por interesses particulares e não pelo simples bem da nossa nação seria leviano. Assim como soaria leviandade cogitar que tanta gente de bem, cujos corações gritam “Fora, Dilma” em uníssono a plenos pulmões, não tenha uma noção mais precisa de tudo que está em jogo. Ora, o país está parado, e isso é motivo mais do que suficiente para haver mudança.
Contudo, a iniciativa das manifestações canarinho não é dos tucanos, mas de grupos independentes, livres, apartidários. Qualquer boato de que esses liberais, vários deles bem jovens, que vêm tocando a marcha pelas redes sociais e pelos carros de som, sejam representantes de forças maiores é pura leviandade. Igualmente leviano é considerar a hipótese de que líderes desses grupos receberam formação política de instituições internacionais mantidas por grandes corporações do setor petrolífero.
Portanto, conspiração pura seria supor que, em meio às tristes circunstâncias do “petrolão”, esses meninos estejam aproveitando para derrubar os acionistas majoritários da maior corporação brasileira e facilitar a entrada de seus supostos patrocinadores transnacionais nos negócios do pré-sal.
A Lava Jato evidenciou o covil de ratos que comandava a Petrobras. Já está mais claro como água, e não turvo como óleo, que, para cuidar da companhia, a influência partidária é sinônimo de corrupção e ineficiência. Naufragou pela mão grande até o projeto do submarino a propulsão nuclear, que serviria para monitorar as reservas de petróleo no fundo do mar. Está delirando quem disser que o objetivo de farejar a cúpula da Eletronuclear seja minar essa frente de defesa do patrimônio natural.
Julgar, então, que magistrados, promotores e desembargadores envolvidos na operação trabalhem para outro fim que não a moralização da coisa pública no Brasil é de uma leviandade absurda. Preferências político-partidárias e influências ideológicas que possam contaminar a lisura das ações não entram em questão. O fato de a mulher do juiz cabeça da operação ter trabalhado como defensora de uma administração tucana e o fato de ele ter atuado, no passado, em outra frente que acabou por livrar um banqueiro notoriamente associado a altas personalidades do PSDB não querem dizer nada.
Ah, essa internet, que enche de minhocas a cabeça desses levianos... A realidade é muito mais simples do que esses roteiros de fantasia à la “Moscou contra 007”.
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