Será o dinheiro, com seus detentores e manipuladores, o grande motor que nos move, ou seja, o capital? Tempo houve em que essa era a resposta. Hoje não mais, apesar de sua pujança.
A grande força será o trabalho, expresso nas entidades sindicais e penduricalhos? Muito se tem tentado, com significativos avanços, até da legislação, mas da mesma forma como o capital, também não é a força preponderante.
Serão os governos, entendidos nos planos federal, estadual e municipal? De jeito nenhum, dada desmoralização crescente das estruturas de que são formados e dos personagens que os representam. Faz tempo que saíram pelo ralo o medo e o respeito que o governos exprimiam.
As religiões? Devem ser excluídas, só pelo fato de se terem multiplicado, ao contrário do que representou o Cristianismo através dos séculos. Desapareceu aquela prevalência ditada pela fé e pelo temor do fogo eterno.
Então a resposta estará nas forças armadas? Ledo engano. A última vez em que se arvoraram de ser a força definitiva, quebraram a cara e hoje se conformam em viver à margem do poder.
Juristas de alto saber e de reputação ilibada dirão estar a força nas instituições políticas, desde a Constituição e as leis até os três poderes da União, do Congresso ao Judiciário e ao Executivo. Nada mais tênue nem desfigurado neste começo de século, onde um simples bater de panelas assusta e intimida os que deveriam conduzir a nacionalidade.
Para os sociólogos e até os filósofos, a grande força repousa na juventude, na perspectiva do futuro que sempre ultrapassará em qualidade aquilo que passou ou ainda persiste em frangalhos. Outro malogro, porque os moços de hoje dividem-se entre o egoísmo e a confusão. Se um dia representaram esperança, agora significam desalento, por mais cruel que pareça a conclusão. Deles nada haverá que esperar além de que envelheçam.
Alguns poetas e outro tanto de cientistas fixam-se na natureza como a força motriz do planeta, detentora dos destinos da Humanidade, capaz de iluminar e construir tanto quanto de destruir e escurecer, até entre nós como nação continental. Nem a natureza dispõe de leis em condições de permitir previsões sobre seu comportamento e o dia de amanhã. Se é fator dominante na vida de todos, pelo menos seria aconselhável que se desse a conhecer.
Sendo assim, e passando do geral para o particular, ou seja, do universo infinito para essa insignificante bolinha de carbono perdida na imensidão, e desta para nossa triste nação, qual o resultado a tirar da ausência de uma força hegemônica que dirija nossos destinos? Por sorte, nenhuma, ou melhor, todas as relacionadas acima. Será do equilíbrio de fatores como o dinheiro, o trabalho, os governos, as religiões, os militares, as instituições jurídicas, a juventude e a natureza que poderemos encontrar meios para seguir adiante. Mas com a dúvida permanente: para onde?…
Carlos Chagas
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