segunda-feira, 11 de maio de 2015

Em defesa da democracia


Hoje fui à missa, na igrejinha de Nossa Senhora de Fátima, a mais tradicional de Brasília, na SQS 308. Tradicional, sim, mas simples, bela e singela. Não quero falar de religião e sim da ética e da convivência social. A Igreja exalta o perdão, mas nós temos a difícil tarefa de perdoar sem des-culpar, sem tolerar e deixar impune a ação malévola.

O padre nos dizia: Como podemos reclamar da sociedade, dizendo-a corrupta e violenta, e não julgarmos a nossa própria conduta, como se não fôssemos parte dessa mesma sociedade? Em suma: Qual é a nossa responsabilidade social?

Como perdoar e punir ao mesmo tempo? Como purificar o próprio coração, perdoando, e manter a boa convivência social, punindo o intrafor, reprimindo o delinquente e desprezando o excessivamente egoísta? Em suma: Como fazer Justiça e manter o coração limpo e feliz?

Qual deve ser a nossa atitude com relação aos que roeram a Petrobrás por dentro, prejudicando moral e financeiramente a maior empresa do nosso país, a ponto de colocar em risco sua própria sobrevivência e, mais ainda, o respeito ao interesse coletivo?

Como não sentir desprezo por tamanha desproporção entre o favorecimento ilegítimo do interesse pessoal e o respeito ao interesse de todos. Nesse caso, a punição é indispensável, tendo em vista, inclusive, que as teias da corrupção se estendem também a tantas outras empresas e que a cobrança e o pagamento de propinas vai se tornando prática usual em todos os cantos.

Como ficar indiferente à destruição da confiança entre as pessoas? E como, dentro da nossa impotência, não ficar objetivamente indiferente? É preciso apoiar a Justiça? Sim. Como? Mostrando propósito firme e real de que a Justiça seja feita de forma igualmente firme e real. Mostrando confiança nas nossas instituições, em nossos juízes, em nossos tribunais e mostrando também indignação quando eles não cumprirem o seu papel.

Como não importar-nos com o claro aumento da violência nas ruas, da violência policial, da violência contra a mulher em sua própria casa, em uma deplorável erosão do respeito aos direitos humanos no seio da nossa sociedade?

A nossa atitude, a atitude da sociedade civil, é a que, em última análise, determinará o resultado desta batalha entre a ordem e a desordem, entre a paz e o conflito, entre a concórdia e a discórdia, entre o direito dos trabalhadores e a ganância dos que os exploram, entre o bem comum e a desmesura do interesse individual.

É a defesa da democracia e da lei que nos livrará da violência dos inescrupulosos, dos inimigos da democracia, da fúria dos ultraconservadores e dos que querem sobrepor-se à legalidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário