A gente era feliz e não sabia. O clichê velho serve ainda, e muito, para pensarmos o quanto perdemos de nossa felicidade, de nossa confiança, de nossa esperança pelo caminho. Ou mais precisamente nos últimos 13 anos, de número aziago.
No tempo em que nenhuma vovó mentia – hoje mente descarada e publicamente em rede – também se era mais pobre, nunca pobre de faixa eleitoral. Tudo pão-pão, queijo-queijo.
Mas o melhor naqueles tempos era sonhar com o milhão da loteria. O país parava para acompanhar o sorteio das bolinhas. As acumuladas levavam multidões às filas. Quem seria o próximo milionário? Como eram esperados os jogos do fim de semana e o sorteio dos números em cadeia nacional!
Bons tempos em que se pagava para ver, quando agora se paga e não se vê. O dinheirinho era suado e sempre dava para uma fezinha. Tudo pouco para um país que vivia de sonhos e de esperança. Disse-nos adeus.
Espera-se hoje, ao acordar, o próximo escândalo, o número bilionário do roubo, a falcatrua político-governamental mais inovadora, o mais recente nome no extenso prontuário de corruptos e o novo vigarista no rolo higiênico.
Se antes um roubo de milhão era de assustar, ninguém mais se espanta. Vacinados, assistimos às cifras bilionárias dos assaltos públicos, à dilapidação do patrimônio de todos.
Em nome de um projeto político canalha, se rouba, se faz maracutaia, se empanzinam os bolsos da pilantragem generalizada.
Venderam a esperança e a confiança e ainda posam de bons moços e moças que mais poderiam bem servir a um lupanar, porque depois do que fizeram não merecem respeito. Querem agora sair com o bolso cheio e um atestado de vítimas, impecavelmente puras. São mais dignos de achincalhe, enquanto não lhes chega a hora da condenação.
Se vivemos, injustamente, um período de presos políticos, que cometeram o “crime” de lutar contra a ditadura, vivermos agora legalmente sob um regime de políticos presos, que roubam na cara de pau e ainda agraciados com pompas e medalhas de heróis.
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