quinta-feira, 30 de abril de 2015

O Brasil caminha a passos lentos, mas ninguém sabe para onde


O Brasil caminha, mas dou um doce para quem souber para qual direção. A presidente Dilma Rousseff, por sua vez, não faz ideia (ou faz e não está aí para ninguém) do estrago que ela e o Partido dos Trabalhadores, com o especial apoio do ex-presidente Lula, fizeram ao país. Há 13 anos, assumiram o governo e se deslumbraram com o poder, mas, sobretudo, com a possibilidade de nele permanecerem por muitos e muitos anos. Para tanto, precisariam de quê? De dinheiro, pois a venda de camisetas e bótons ou a hospedagem em casa de militantes já não tinham sentido. O sonho de um partido puro e ético já ficara para trás, nas calendas gregas, como detalhe para ser lembrado somente na hora de pedir votos.

Ou será que o balanço da Petrobras não diz nada? As declarações da presidente (sobre ele e o nosso maior orgulho) chegaram a ser patéticas. A apuração dos crimes praticados contra a empresa não chegou ao fim, e o prejuízo oficialmente apontado ainda é pequeno. Outras descobertas virão e o farão crescer muito. Não será fácil resgatar, no Brasil e no mundo, o enorme prestígio que teve um dia.

Policiais, procuradores e o juiz Sérgio Moro têm sido – e esperamos que continuem trabalhando com a mesma dedicação – verdadeiros “guardiões da República”. Têm-se dedicado a um combate sem tréguas contra a corrupção, nossa velha conhecida, mas que de alguns anos para cá, sobretudo a partir da gestão do PT, piorou muitíssimo. Ou piorou em consequência da má qualidade moral ou ética dos nossos representantes (que são escolhidos por nós…), ou porque o valor do nosso Produto Interno Bruto é, hoje, um atrativo a mais, ou porque, enfim, vivemos no paraíso da impunidade, que permite que a análise do risco, pelos criminosos, se subordine ao conhecido conceito do custo/benefício. As penalidades, se ocorrerem, imaginam eles, serão sempre insignificantes diante do enorme ganho material a ser alcançado.

É verdade que somos responsáveis pela escolha dos nossos governantes, mas não há como não se referir a um triste e trágico passado para dizer que o golpe militar (e civil) de 1964 é talvez o maior responsável pela má qualidade dos que hoje estão na vida pública brasileira. O estúpido garrote à universidade brasileira foi uma das principais causas desse terrível e lamentável desastre. O regime imposto ao país, durante 21 anos, sacrificou lideranças nascentes e impediu o surgimento de outras, permitindo o acesso à vida pública de figuras deploráveis, que nos envergonham no Congresso Nacional, nas Assembleias Legislativas, nas Câmaras Municipais, nos governos estaduais e nas prefeituras. Somam-se, ainda, a esses pândegos os milhares de ocupantes de cargos substantivos no país. Foram essas figuras que levaram o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso a advertir, em palestra recente para alunos da Universidade de Harvard, que “não podemos deixar que a política seja espaço de gente que não deu para nada”. Uma declaração dura, leitor, mas que revela, com precisão, a realidade do que tem acontecido há anos em nosso país.

Mas é preciso virar a página e reagir ao ambiente de revolta e pessimismo, em relação à política, que perigosamente, mas com sobejas e fundadas razões, vai tomando conta dos brasileiros. Nenhum país conseguirá vencer os momentos difíceis sem contar com a política e com lideranças que a encarem com seriedade e ética. E isso já ocorreu no passado e poderá voltar a acontecer brevemente.

Ou será impossível?

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