Ainda há Carnaval?
Se o centro do carnaval era celebrar abertamente a malandragem e a esbórnia do igualitário, relativizando o luxo dos aristocratas e o poder de impunidade dos poderosos, teria isso algum valor festivo no Brasil de hoje?
Atualmente, falou o velho brasilianista um tanto serio, ocorre um escândalo carnavalesco todos os dias. O governo, mascarado, mente carnavalescamente. Acabou-se o riso alegre dos papéis invertidos. Hoje, o guardião dos recursos públicos é o primeiro a roubá-los. O dinheiro do povo é posto aos bilhões em bancos estrangeiros. Virou uma rotina a afinidade predatória do Estado para com a sociedade.Se não há mais ordem, como — pergunto eu — viver uma festa da desordem? O carnaval tornou-se banal, medíocre, trivial e diário.
Se o escândalo público e a ausência de punição são triviais, se os criminosos tornam-se heróis e, no máximo, transformam-se em máscaras carnavalescas, eu questiono: ainda há carnaval?
Leia mais o artigo de Roberto DaMatta
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