segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

O paredão hídrico


O brasileiro está refém da água. Tem que economizar devido ao volume baixo, baixíssimo, dos reservatórios; e tem que reduzir os gastos de energia, em pleno calor senegalesco, porque as usinas estão com reservatórios em baixa. Sem ela, não se bebe, mas também não se tem energia para encher as caixas de água.

No paredão, o brasileiro nem sabe a quem rezar. Deus tem mais o que fazer do que fabricar água para a glória dos governos brasileiros, que há anos se lixam para os empreendimentos em hidrelétricas e reservatórios. Passaram no mínimo dois anos garantindo, com a falta de transparência costumeira, metáfora para descaso com a população, que tudo estava sob controle. Jogavam com as eleições e falta de água seria um gol contra em suas pretensões.

Agora pedem, com a sempre solícita ajuda da mídia, para que o brasileiro economize, quando políticos e governos nada fizeram nem revelaram os verdadeiros dados dos sistemas hídricos. E o pior é ouvir, ler e ver as imagens das inteligentes reportagens apontando o verdadeiro culpado da crise: o consumidor. É a ele que agora imputam a necessidade de economizar para não faltar. Copmo se esse fosse o caminho mais rápido para um país que não tem plano B para coisa alguma.
É bom acordar de vez. O meio ambiente no Brasil é assolado pelos políticos, que tratam o setor ainda como modismo ou meio de angariar votos entre os idealistas. A falta de seriedade com o problema provocará prejuízos maiores do que todo o rombo do petrolão, pagos durante muito tempo. Medidas urgentes sequer foram pensadas ou postas no papel, o que se vê é um governo federal silencioso diante da crise, quando até comentou execução de traficante. E os estaduais preparam-se para novamente levar com a barriga.
O aquecimento global não é mais uma marolinha que podem empurrar para frente, não dar bola ou mesmo maquiar em ano eleitoral. O anúncio da Agência Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos serve para colocar as barbas de molho. O passado 2014 foi o ano mais quente desde 1880 e dezembro também marcou uma temperatura média na superfície da Terra e dos oceanos sem precedentes nos últimos 134 anos para este período. Para o ano, a temperatura média se situa entre 0,69 °C acima do média do século 20, superando as marcas prévias de 2005 e 2010, de 0,04 °C .
O prejuízo da incúria governamental, que adora falar em desenvolvimento, palavra mágica para os imbecis, está ainda com apenas um dígito de bilhão, mas vai para dois dígitos rapidinho. Não será registrado, porque não interessa aos governantes, o custo do sacrifício da população infinitamente muito maior, em particular entre os mais pobres, aqueles a quem o governo Dilma se oferece como madrasta.

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