Reúne-se hoje pela primeira vez o novo ministério da Dilma, por ironia contando com 39 ministros. Vão trabalhar pela manhã, presume-se que de tarde também, mas de noite, nem pensar. O que não impede que muitos tirem sua soneca vespertina, embalados pelas palavras da chefona e, com certeza, de alguns condenados escolhidos para expor planos e programas. Parece impossível que os 39 disponham de tempo para se fazer ouvir, hipótese que levaria a reunião ministerial até o dia seguinte. Com a natural tendência ao sono, quantos não resistirão? Até porque, ao contrário dos notáveis de Napoleão, a maioria dos presentes da reunião já em andamento nada teria a relatar ou sugerir, convocados por injunções partidárias fisiológicas, sem maior intimidade com os temas afetos aos respectivos ministérios. Essas contradições fluem para uma única semelhança entre a Brasília de hoje e a Paris de ontem: quantos dos presentes à reunião ministerial poderão dizer que estão ganhando os próprios salários?
Em toda a crônica recente jamais se viu um grupo tão heterogêneo, insosso, amorfo e inodoro. Excetuando-se aqueles aos quais a presidente da República penalizou com a missão impossível de consertar a economia e as finanças públicas sem arcar com a impopularidade, os demais apenas ornamentam a paisagem. Por isso, sem dúvida, será razoável o número dos que estarão cochilando. Sem ter ganho os salários, vale repetir…
Para ficar na referência a Napoleão, importa registrar uma de suas máximas fundamentais: “um governante deve ser mais temido do que amado”. Será essa a diretriz adotada pela presidente Dilma? Saberemos se a reunião ministerial de hoje tiver sido televisada ou ao menos aberta à imprensa. Caso contrário, pela inconfidência dos presentes, quinze minutos depois.
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