A extinção do latifúndio virou ampliação do agronegócio e limitação da propriedade rural familiar. A limitação de remessa de lucros para o exterior transformou-se em demolição das barreiras fiscais que impediam o envio do produto da corrupção daqui de dentro lá para fora. O voto do analfabeto é cercado de tantos impedimentos que só tem diminuído, enquanto aumenta o número dos brasileiros que não sabem ler nem escrever. A participação dos empregados no lucro das empresas continua sonho de noite de verão. O estímulo ao crescimento da indústria nacional desapareceu, ao tempo em que murchou a influência dos sindicatos na formulação da política social e trabalhista. A proteção ao trabalho do menor deu lugar à multiplicação do número de crianças exploradas no campo e nas ruas das grandes cidades. A garantia do trabalho virou fumaça em prol das demissões amplas e irrestritas. Exportamos cada vez mais produtos primários do que importamos produtos estrangeiros de valor agregado sempre maior.
Acabamos de alinhar um programa do PSDB ou a cartilha neoliberal dos tempos de Fernando Henrique Cardoso? Nem pensar. A realidade acima referida é praticada pelo governo do PT. Os companheiros abandonaram as propostas do tempo da fundação de um partido que seria diferente dos demais. Importa menos saber se foi o Lula o primeiro responsável pela mudança ou se coube a Dilma consolidá-la. A verdade é que ambos cederam, se é que um dia imaginaram construir um país socialmente adiantado. Assim chegamos ao final do ano e do mandato inicial da presidente da República. Ironicamente, bafejada pelas urnas do mês de outubro. Por isso não houve a apresentação de um plano de metas, durante a campanha.
O pífio ministério que vem sendo definido, mesmo com alguns nomes petistas, carece de defensores de reformas econômicas, políticas e sociais. Pelo contrário, compõe-se, no mínimo, de adeptos do vigente modelo conservador. A única mudança em pauta parece da criação de limitações para as atividades da mídia. Prevalece o modelo do mais do mesmo, apesar dos 53 milhões de votos dados a Dilma Rousseff. Os eleitores foram enganados ou enganaram?
Fica para outro dia analisar o papel do marechal Costa e Silva na presidência da República, registrando-se apenas que morreu tentando acabar com o AI-5, inclusive num último esforço para assinar o nome, que já não conseguia em função do derrame cerebral que o acometeu. O problema é que acabamos de assistir o prefeito de sua cidade natal, Taquari, no Rio Grande do Sul, mobilizar um guindaste para demolir estátua feita em sua homenagem numa das praças principais.
A iniciativa lembra outra, acontecida em 24 de agosto de 1954, quando Getúlio Vargas estava para ser deposto do palácio do Catete. Horas antes de dar um tiro no peito e mudar a História do Brasil através de um dos mais importantes documentos da República, a carta-testamento, seus adversários confeccionaram cartazes de papelão com os dizeres “Avenida Castro Alves”, que foram colados em cima das placas onde há anos se lia “Avenida Getúlio Vargas”. A reação popular arrancou os inusitados cartazes e botou os energúmenos para correr.
A gente fica pensando o que acontecerá daqui a cinquenta ou cem anos com as estátuas que fatalmente serão erigidas para homenagear o Lula e a Dilma…
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