Se não é estelionato eleitoral, é muita cara de pau o festival de notícias impopulares pós 26 de outubro
É conhecida a
fábula de Collodi e o seu personagem Pinóquio, simpático boneco de madeira cujo
nariz aumentava quando mentia. Seria ótimo que o mesmo acontecesse com os
políticos, especialmente nas campanhas eleitorais, porque é gritante a
contradição entre as palavras e os fatos ocorridos após o pleito.
Bastaram duas
semanas para Dilma transformar a sua carruagem em abóbora. A presidente
reeleita deve ter se inspirado em Maquiavel, que no seu livro “O Príncipe”
(1513) aconselhou:“É preciso fazer todo o mal de uma só vez a fim de que,
provado em menos tempo, pareça menos amargo”.
A quinzena do
mal foi intensa. O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC),
elevou em 0,25 ponto percentual a taxa básica de juros (Selic), com o argumento
de que precisava garantir cenário mais “benigno” para a inflação em 2015 e
2016. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) autorizou aumentos de
tarifas em Roraima, Amazonas e no Rio de Janeiro. O Ministério da Fazenda
anunciou déficit primário de R$ 20,4 bilhões nas contas do Tesouro, Previdência
Social e BC em setembro, o pior resultado de todos os meses desde o início da
série histórica, em janeiro de 2007. O ministro da Fazenda já demitido
confessou que a meta fiscal não será alcançada este ano. Para que as
autoridades econômicas não sejam enquadradas em crime de responsabilidade, a
equipe econômica vai recorrer ao Congresso, que deve ajustar o primário para o
limite menor.
A balança
comercial brasileira registrou o maior rombo mensal desde 1998. A gasolina e o
diesel já estão mais caros. O número de brasileiros em situação de extrema
pobreza cresceu em 2013, conforme dados oficiais divulgados na página do Ipea,
à surdina, após as eleições. O desmatamento da Amazônia em setembro e outubro
deste ano cresceu 122% se comparado ao mesmo bimestre no ano passado, o que
também só veio à tona depois do pleito.
Na terra de
Macunaíma — obra surrealista do escritor Mário de Andrade repleta de aspectos
fantasiosos e ilógicos — tão logo Aécio Neves ganhou as eleições, Armínio Fraga
e Neca Setúbal subiram os juros e adotaram o receituário ortodoxo recomendado
pelos banqueiros que fumam charutos e somem com o prato de comida da mesa das
criancinhas. Até os subsídios ao BNDES a trinca já cogita reduzir! Dane-se a
verdade.
No vale tudo
das eleições brasileiras, se Jesus Cristo fosse candidato, o marqueteiro de
Dilma, João Santana, demonstraria que o PT fez mais em 12 anos do que o filho
de Deus em 33. O maior milagre de JC foi multiplicar peixes e pães dando de
comer a cinco mil fiéis na Galileia, enquanto o Bolsa Família atende a 56
milhões de pessoas! A frase “Vinde a mim as criancinhas...” seria apresentada
com conotação de pedofilia. Pobre Jesus Cristo. Antes morrer na cruz.
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