Temendo serem flagrados na Operação Lava Jato, congressistas já procuram escritórios de advocacia para prepararem suas defesas
Em abril, logo após surgirem as primeiras informações do
esquema de corrupção da Petrobras e dois dos cabeças do grupo presos começarem
a falar com a polícia, havia políticos que alardeavam aos quatro ventos de que
o Congresso brasileiro iria abaixo com as denúncias. No ato do dia do trabalho,
promovido pela Força Sindical em 1º de maio, em São Paulo, alguns desses
políticos diziam que ao menos três dezenas de congressistas estariam envolvidos
nos atos de corrupção. Até então quase nenhum nome de investigados pela
Operação Lava Jato havia vindo à tona.
Em outubro, a grita comum do período eleitoral era de que
mais de 70 deputados e senadores seriam implicados na rede de corrupção da
petroleira. De cima de um caminhão-palanque em um ato pró-Aécio Neves, na
capital paulista, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (que preside o
partido Solidariedade) foi categórico: “Esse governo não vai se sustentar. Tem
entre 70 e 100 deputados envolvidos com o petrolão”.
A expectativa dele e dos outros de seus colegas está próxima
de se concretizar. O escândalo de desvios de ao menos 10 bilhões de reais que
parecia grudar apenas nos partidos governistas, porém, é mais amplo. Conforme
oito líderes partidários ouvidos pelo EL PAÍS nesta semana, as principais
legendas brasileiras se preparam para uma enxurrada de críticas por terem seus
correligionários envolvidos nas denúncias e, pior, de batalhas nos tribunais.
Falando sob a condição de não terem seus nomes divulgados,
esses dirigentes de partidos estimam que entre 60 e 100 congressistas, a
maioria deles deputados e ex-deputados, estejam em vias de serem investigados
pela ligação com a quadrilha que tomou conta da maior companhia brasileira
entre 2004 e 2012, entre os governos petistas de Lula da Silva e Dilma
Rousseff. “Não tem como fugir. Vai sobrar para todo mundo. Pelo que temos visto
será uma carnificina”, disse um dirigente partidário.
Conforme os representantes partidários, alguns parlamentares
já começaram a consultar advogados sobre o passo a passo de um processo
jurídico e de como se livrar da prisão. Dois escritórios de São Paulo, um de
Minas e um do Rio confirmaram, sem dar nomes, que foram sondados por
congressistas nas últimas três semanas.
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