São sábios aqueles que têm a coragem de mudar de ideia. Talvez isso explique a decisão de colocar o futuro econômico do país em mãos mais ortodoxas
Os governos
passam, os partidos desaparecem, os líderes morrem, mas os países permanecem.
Tinha, portanto, razão o cartaz visto em uma das recentes manifestações de rua
de São Paulo, onde se podia ler: “Em primeiro lugar, o Brasil”.
Os órfãos da
candidata Dilma que acusavam seus adversários, Aécio Neves e Marina Silva, de
querer colocar o país nas mãos dos banqueiros e que hoje descobrem que ela
colocou a economia do país nas mãos do liberal Joaquim Levy, agora estão
desconsolados.
Já começaram
as manifestações contra sua decisão de dar uma guinada neoliberal na economia
que, claro, estava na UTI. Logo a acusarão de trair a esquerda e seu partido, o
PT.
Até levantaram
a cabeça aqueles que preferem ver na manobra da nova Presidente de colocar um
banqueiro para liderar a economia como uma forma de “mudar e deixar tudo como
está”. Assim, Dilma teria colocado Levy como ministro da Fazenda para
catequizá-lo, ou seja, para convertê-lo ao petismo, e não para regenerar o
barco econômico que ameaçava afundar o país em uma recessão severa e que os
investidores locais e estrangeiros perdessem a confiança.
Os políticos
devem sempre ser criticado e vigiados pelos meios de comunicação e pela
oposição, porque está em sua natureza a tentação de abusar do poder e de
colocar seus interesses pessoais ou do partido acima do bem da nação. Da mesma
forma, devem receber, no entanto, uma margem de confiança ao reconhecerem
explícita ou implicitamente um erro na sua gestão, e têm a coragem de mudar o
rumo do navio.
Dilma, com a
decisão que acaba de tomar, a de colocar o presente e o futuro imediato
econômico do país em mãos mais ortodoxas e neoliberais do que exigia a esquerda
de seu partido, provou que desta vez ouviu aquele grito da rua: “Em primeiro
lugar, o Brasil”.
Há, dentro de
suas tropas e dos que se sentem órfãos da campanha eleitoral contra a direita,
pessoas que começam a falar de traição à causa e da admissão, pelo menos de
forma implícita, que a política econômica de seu primeiro mandato havia
fracassado.
Traição ou
sabedoria? “Sapient est mutare consilium”, diziam os filósofos latinos, ou
seja, são sábios aqueles que têm a coragem de mudar de ideia. É o caso de
Dilma, que teria tido o bom senso de entender que, pelo bem do Brasil,
precisava de mudar de rumo para salvar o navio que começava a afundar?
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