segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Os soldados do Parque dos Búfalos


 Em meio à crise hídrica, São Paulo usará parque com ao menos sete nascentes para construir casas populares. Comunidade organiza movimento de resistência 
Uma área de mais de 994.000 metros quadrados situada na zona sul de São Paulo foi anunciada pelo prefeito Fernando Haddad, no final do mês de outubro, como o terreno para a construção de mais de 3.800 unidades de moradia popular. “Aqui nasce uma cidade com quase 15.000 pessoas”, disse o prefeito no dia do lançamento do projeto habitacional que será feito em parceria com os governos estadual e federal, com previsão de entrega em 2016.

A "nova" cidade, porém, nasceu muito antes desse dia. A área em questão é chamada de Parque dos Búfalos, por causa dos animais que chegaram a habitar o local há alguns anos. É um local margeado pela Represa Billings e que corta no meio os bairros do Jardim Apura e o Santa Amélia, no distrito de Cidade Ademar que abriga 430.000 pessoas. Não fosse esse, o parque mais próximo da região seria o Ibirapuera, que fica a uma distância de 20 quilômetros, quase duas horas de ônibus. Por ser o único local da região destinado ao lazer, o Parque dos Búfalos atrai um público formado pelos moradores dos bairros vizinhos, que praticam corrida, caminhada, parapente e ciclismo diariamente.
O parque mais próximo da região é o Ibirapuera, que fica a uma distância de 20 quilômetros, quase duas horas de ônibus

Além da represa Billings, que em parte abastece São Paulo, Diadema, São Bernardo e Santo André, o Parque dos Búfalos tem ao menos sete nascentes espalhadas por seu terreno. Por essas questões, tanto de cunho ambiental, quanto social, a população se organizou para reivindicar que o local seja mantido como um parque e que ganhe toda a infraestrutura para isso – não há banheiros, tampouco quadras ou equipamentos.


O terreno do Parque dos Búfalos foi declarado de utilidade pública em 2012, pelo ex-prefeito Gilberto Kassab. No final de 2013, Fernando Haddad revogou essa lei. O terreno o ajudaria a cumprir a meta de entregar 55.000 casas populares prometidas durante a campanha. Com a notícia de que o parque viraria terreno para parte dessa promessa, os moradores começaram a se organizar. Por meio da ONG Minha Sampa, há um movimento de pressão online que pede a manutenção do parque.

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