sábado, 22 de novembro de 2014

Governo novo, governo velho



Pronta a receber diariamente os jornalistas, falar pelos cotovelos, avacalhar e denegrir adversários, em campanha eleitoral, Dilma parece não ter mesmo a boa vontade de ser presidente quando o assunto é a governança em xeque. O país que assistia todo o dia suas diatribes direto do Planalto, mas em meio a uma crise tenebrosa para os destinos da nação a presidente se cala e se recolhe. Não é atitude de estadista, que aliás nunca foi, nem de governante. A fala na Austrália, que custou a sair, foi apenas um discurso ensaiado, preparado nas sombras de hotel.

Em todo o mandato que finda sempre tomou o silêncio como porta de escape para não dar satisfações satisfatórias à população, de quem parece fugir como o diabo da cruz quando não seja para pedir votos. Ou alguém já viu, ao menos em sonho, Dilma se prestar a falar sobre os grandes problemas que afetam a população? Nem morta. Prefere as citações econômico-financeiras, a falação politiqueira em idioma dilmês. Assim é a doutora, a sábia, a “presidenta”. Já viram sair em fala presidencial sobre os 50 mil assassinatos por ano, as estratosféricas cifras da violência, a medalha de ouro no uso de crack, a violência escolar, a mortandade nos hospitais de péssima qualidade?

Em vez de falar ao povo, prefere as conversas palacianas com um ex que ainda se acha no poder legítimo, quando não passa de poderoso chefão do tráfico de influência. Detalhe que a Sombra tomou chá de sumiço, silenciou, mas tem voz suficiente para suportar horas de conversas ao pé do ouvido presidencial de como ser canalha parecendo santa.

Dilma transforma assim o palácio em aparelho, onde se tramam as novas investidas, quando seria digno que ali tratasse com as lideranças, os políticos, os representantes da sociedade o seu novo governo. Não com meia dúzia de coronés, barões de tostão e outros que tantos do mesmo quilate.

Vive-se o governo em que a presidente ainda não se convenceu que é presidente. Prefere as confabulações palacianas, que nada têm de democráticas, que reveste com a maior desfaçatez em medidas para o bem estar do povo. É o vício da marquetagem. A mesma com que faz aparecer em celebrações se apropriando como sua a determinação de investigar os desmandos, de forma “firme e severa”, quando se está cansado de saber que não moveu uma única palha – até anda atrapalhando as investigações – em quatro anos de governo. Pior ainda, foi conivente com a má administração da Petrobras e até nomeou uma companheira do Clube da Luluzinha para garantir total acobertamento aos rombos na empresa.   

O país que Dilma governa não mudou. Continua a ser nação capitaneada por caciques que dirigem e determinam o que vão fazer para manter o tacape na mão. A indiada que se dane, aguente o sofrimento para felicidade geral dos governantes. Que esses estão bem, obrigado, com todas as benesses que negam à população. 

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