‘Chega de PT’, ou ‘Mais PT’, essa será a escolha que o eleitorado fará daqui a três semanas
A doutora Dilma vai para o segundo turno sem uma plataforma
clara. Em junho, durante a convenção do PT para anunciar um “Plano de
Transformação Nacional”, no qual, além de generalidades, ela prometeu uma
reforma dos entraves burocráticos e um projeto de universalização do acesso à
banda larga. Como? Não explicou. No seu lugar, entraram autolouvações e
manobras satanizadoras contra os adversários. Delas, a mais mistificadora é
aquela que confunde os oito anos de Fernando Henrique Cardoso com uma ruína
econômica e social. Foi o período de esplendor da privataria, época em que um
hierarca do Ministério do Trabalho dizia que o aumento do número de brasileiros
sem carteira assinada era uma boa notícia, mas deve-se ao tucanato algo muito
maior: o restabelecimento do valor da moeda. Sem isso, Lula, Dilma e o PT não
teriam conseguido quaisquer avanços sociais. Por questão de justiça,
reconheça-se que o DNA demofóbico de parte do tucanato seria um obstáculo para
que fizesse o que Lula fez.
A ideia segundo a qual o PT precisa continuar no poder
porque no poder deve continuar é pobre e pode funcionar como uma armadilha. Na
noite de domingo, a doutora Dilma afirmou que o “povo brasileiro vai dizer que
não quer os fantasmas do passado de volta”. Pode ser, desde que se entenda que
o Brasil de FHC foi um castelo mal-assombrado. Mesmo nesse caso, o PT faz sua
campanha pretendendo continuar no governo pelos defeitos do adversário e não
pelas suas próprias virtudes. Colocando a questão dessa maneira, deu a Aécio
Neves a oportunidade de responder: “O Brasil tem medo dos monstros do
presente”.
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