Politicagem é a nova libido. Dá grana, horário político
eleitoral e foto fofa.
A todos esses senhores e senhoras de honra impoluta que têm
aparecido aqui em casa, veementemente determinados em me convencer de que não
querem outra coisa senão arregaçar as mangas e, telha por telha, obrar o
hospital com médicos de última geração que me manterão o pâncreas em ordem por
mais um século — a todos eles eu devoto o voto da minha mais profunda
desconfiança.
Ponham-se daqui, digníssimos decididos em encher a boca para
falar da nova política, dos projetos sociais que erradicarão a miséria nacional
e até mesmo os gritos preconceituosos de “viado” nas arquibancadas. Ponham-se
longe da minha audiência, senhoras e senhores sobre os quais nada consta até o
momento, nada se provou nos autos, mas algo me diz que é bom ir com calma e
esperar pela edição de amanhã dos jornais.
Eu sei que um dos senhores é cordeiro de Deus, o outro é
obreiro da Palavra. Sobre todos eu esparjo meu turíbulo de fé e candomblé, pois
ouço compungido como se sacrificarão, em muitos casos com o risco da própria
vida, para livrar o povo brasileiro da criminalidade e do assédio das bundudas
do BBB. A todos vocês, candidatos a excelências, eu lanço o contundente
escrutínio de quem já viu Cacareco, Tiririca, Collor e mensalão. Só tenho a
declarar que: “comigo não, violão”.
Leia mais o artigo de Joaquim Ferreira dos Santos
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