domingo, 28 de setembro de 2014

Debate de propostas se perde em ataques e escândalos

Debates se tornaram ringues de dois contra uma, a única a fazer certo
Com tom da campanha cada vez mais agressivo e centrado em ataques mútuos entre os candidatos, discussão sobre o conteúdo dos programas de governo é deixada de lado. Quem perde é o eleitor.

Com as pesquisas de intenção de voto indicando uma disputa acirrada, a campanha eleitoral deve ficar ainda mais agressiva nos próximos dias, à medida que se aproxima o primeiro turno. Esse foco nos ataques pessoais e na tentativa de desconstruir adversários ofusca, porém, o debate construtivo de propostas para solucionar os problemas do país.

Especialistas avaliam que o conteúdo programático foi pouco debatido até aqui e alertam: essa situação não deve mudar – ao contrário, a agressividade vai aumentar ainda mais no segundo turno.

"A campanha tem ficado em acusações. Se discute o medo, a incompetência ou a experiência, mas não os projetos para o Brasil: política econômica, questão trabalhista e previdenciária, a retomada do crescimento, os programas sociais. É um debate cifrado, pobre e incompleto", diz o cientista político Antonio Carlos Mazzeo, da Unesp e da PUC-SP.

"A disputa será mais acirrada, e os ataques vão piorar. Isso é ruim para a democracia e para o eleitor", opina o historiador e sociólogo Marco Antonio Villa.

Um fator até mesmo curioso e que dificulta a possibilidade de debate de propostas entre os candidatos é a falta de programas de governo disponíveis para consulta do eleitor.

Até agora, Marina Silva (PSB) foi a única dos três principais candidatos a apresentar uma versão final do seu programa de governo. Entretanto, enfrentou graves críticas por ter recuado em alguns pontos do documento, como os direitos LGBT e a política energética.


Já Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) entregaram documentos genéricos no início de julho, com a promessa de divulgar a versão detalhada e consolidada até as eleições, o que ainda não ocorreu.

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