Debates se tornaram ringues de dois contra uma, a única a fazer certo |
Com tom da campanha cada vez mais agressivo e centrado em
ataques mútuos entre os candidatos, discussão sobre o conteúdo dos programas de
governo é deixada de lado. Quem perde é o eleitor.
Com as pesquisas de intenção de voto indicando uma disputa
acirrada, a campanha eleitoral deve ficar ainda mais agressiva nos próximos
dias, à medida que se aproxima o primeiro turno. Esse foco nos ataques pessoais
e na tentativa de desconstruir adversários ofusca, porém, o debate construtivo
de propostas para solucionar os problemas do país.
Especialistas avaliam que o conteúdo programático foi pouco
debatido até aqui e alertam: essa situação não deve mudar – ao contrário, a
agressividade vai aumentar ainda mais no segundo turno.
"A campanha tem ficado em acusações. Se discute o medo,
a incompetência ou a experiência, mas não os projetos para o Brasil: política
econômica, questão trabalhista e previdenciária, a retomada do crescimento, os
programas sociais. É um debate cifrado, pobre e incompleto", diz o
cientista político Antonio Carlos Mazzeo, da Unesp e da PUC-SP.
"A disputa será mais acirrada, e os ataques vão piorar.
Isso é ruim para a democracia e para o eleitor", opina o historiador e
sociólogo Marco Antonio Villa.
Um fator até mesmo curioso e que dificulta a possibilidade
de debate de propostas entre os candidatos é a falta de programas de governo
disponíveis para consulta do eleitor.
Até agora, Marina Silva (PSB) foi a única dos três
principais candidatos a apresentar uma versão final do seu programa de governo.
Entretanto, enfrentou graves críticas por ter recuado em alguns pontos do
documento, como os direitos LGBT e a política energética.
Já Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) entregaram documentos
genéricos no início de julho, com a promessa de divulgar a versão detalhada e
consolidada até as eleições, o que ainda não ocorreu.
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