domingo, 21 de setembro de 2014

A guerra dos companheiros


O “abraço à Petrobras”, empreendido no início da semana pelo PT, na sede da empresa, no Rio, faz lembrar o clássico ditado policial de que “o criminoso sempre volta ao local do crime”.

Desta vez, não para avaliar os danos, como observador oculto, mas para testar às escâncaras sua capacidade de virar o jogo. Em meio às mais cabeludas denúncias, produzidas pelo ex-diretor de Abastecimento e Refino, Paulo Roberto Costa – que pontificou nos dois governos de Lula e na metade do de Dilma -, o PT testou a tese de que a melhor defesa é o ataque. Falhou.

Em sua campanha, Dilma quer transformar as denúncias de assalto à empresa – e a respectiva cobrança por investigações - em tentativa de sabotagem, imputando, de quebra, a Marina Silva o sórdido objetivo de liquidar o pré-sal. É o “pega ladrão!”, mas gritado pelo próprio ladrão. Já funcionou antes.

O mais significativo no ato, porém, não foi ele em si, mas a escassa presença de manifestantes. Lá estava a militância de sempre, acrescida do MST, que dela sempre fez parte. Povo mesmo não se viu. A Polícia Militar registrou cerca de 600 pessoas.

No passado recente, seriam milhares e milhares. Onde estão? Terá o PT perdido musculatura onde há muito reinava? Aparentemente, sim. A candidatura de Marina dividiu a esquerda e os chamados movimentos sociais. Não se sabe ainda em que escala, mas não há dúvida de que houve quebra de unidade.

O que se assiste é uma guerra civil entre companheiros. Não é uma guerra de ideias, mas por cargos, o que explica a fúria de quem se sente ameaçado com o desemprego. É mais fácil, em política, absorver a derrota de uma ideia que a perda de um cargo.

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