Seu objetivo declarado é restabelecer a antiga hegemonia dos Estados Unidos e refortalecer a indústria, que vinha sendo desidratada. Para isso, manobra para obter uma desvalorização controlada do dólar e, assim, ajudar a indústria a restabelecer a competitividade perdida.
Enfim, é uma política em flagrante contradição com a história econômica e política dos últimos 100 anos, que leva o risco
O tarifaço parece não levar em conta que cerca de 80% do PIB dos Estados Unidos, ocupado pelo setor de serviços, tem pouca reação à imposição de taxas alfandegárias. Além disso, a desvalorização do dólar solapa sua condição de reserva de valor.
A questão mais importante não são os efeitos dessa reviravolta na condução da política.
Está em que não há reação consistente a ela pelas instituições democráticas de Estado, nem pela ação dos políticos, nem pela opinião pública. Tudo se passa como se a sociedade dos Estados Unidos esteja satisfeita com o novo rumo de Trump.
O norte-americano médio se sente vítima de um longo processo perdedor e sabotador do consagrado sonho americano. E agora entende que, finalmente, seu governo está atendendo a suas expectativas.
Na Alemanha dos anos 20 e 30, não foram apenas as imposições humilhantes do Tratado de Versailles que criaram as condições para a incubação do ovo da serpente. Foi, principalmente o sentimento do alemão médio de que suas expectativas haviam sido arruinadas.
Por enquanto, não há substituto para o dólar nem para o título de dívida de alta liquidez como o do Tesouro dos Estados Unidos. No entanto a dívida dos Estados Unidos vai atingindo níveis preocupantes, tanto que sua qualidade já foi objeto de rebaixamento pelas agências de avaliação de risco.
A insatisfação geral do cidadão dos Estados Unidos é o atual caldo de cultura que sabota o atual sistema de pesos e contrapesos, a garantia da solidez do sistema democrático, e propicia a propagação do jogo autoritário ao redor do mundo.

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