Os animais sanguessugas têm sido utilizadas na medicina há 3.500 anos! Na monetizada medicina ocidental caiu em desuso no século XX, embora não plenamente: como eles injetam nas vítimas das quais se alimentam uma substância anticoagulante e, ao chupar seu sangue, forçam a circulação em pontos exangues, ajudam a manter vivas as células e a restaurar o fluxo sanguíneo após, por exemplo, cirurgias reconstrutivas.
A palavra sanguessuga descreve também o fato de tal animal sugar o sangue, a seiva da vida, dos animais dos quais se alimentam. Também este sentido se aplica a instituições brasileiras: aos clássicos três poderes e às demais forças que partilham o comando da Nação! Economista ganhador do Nobel identificou esse tipo de instituição – que chamou instituições extratoras – como causa da pobreza da maior parte da população mundial. Nos casos do Legislativo, Judiciário e Executivo brasileiros, além dos demais poderes, essa natureza perversa está presente há séculos e impede que se diga que o Legislativo represente os eleitores, o Judiciário garanta justiça, ou o executivo e as demais se pautem pelo bem comum.
No Legislativo, as evidências da dissociação entre eleitos e eleitores são muitas. Citemos apenas três: primeiro, a renda de cada um dos seus membros, inclusive vereadores, é dezenas de vezes superior à da grande maioria dos ditos “representados”; segundo o patrimônio dos parlamentares é vezes maior que o dos eleitores; terceiro, os membros dos vários níveis do parlamento são réus em processos criminais em proporção bem maior que o restante da população.
O “sanguissuguismo” das nossas instituições ficou claro com a crescente apropriação, pelos seus membros, do orçamento nacional, e pelo comportamento desavergonhado de seus membros ao se concederem vantagens exorbitantes: penduricalhos salariais e emendas cash-back, entre outras!
Fará bem o presidente Lula se vetar o aumento do número de deputados federais e estaduais, como clama a população; fará ainda melhor se colocar o guizo no pescoço do gato e mostrar que temos não um problema de parlamentares em excesso, mas sim dois problemas: parlamentares com remuneração pornográfica, e parlamentares que, pelas razões citadas, não representam o conjunto dos brasileiros.
Faria ainda melhor se, apesar dos riscos políticos decorrentes, defendesse que devemos restringir a remuneração dos parlamentares à média da população, e ampliar muitíssimo seu número, de forma a torná-los parecidos com e acessíveis aos eleitores.
Seria um divisor de águas na história deste país, com potencial de renovar as instituições e retirar delas o caráter extrativo que impede rápidas melhorias na qualidade de vida da população!

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