sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Bolsonaro é um doente terminal que respira por meio de aparelhos

Por aqui pelo menos, golpe foi sempre para derrubar governos. De 1930 para cá, só houve um golpe promovido por quem governava: o de 1937, sob o comando do então presidente Getúlio Vargas.

Vargas chegou à Presidência na crista da Revolução de 1930. Derrotado na eleição daquele ano, ele encabeçou um movimento militar golpista e derrubou o presidente eleito.

Para não largar o poder, Vargas deu o golpe de 1937 que instituiu o Estado Novo, governando até 1945, quando foi deposto. Eleito em 1950, matou-se em 1954 para não ser novamente deposto.


O presidente Jânio Quadros protagonizou em 1961 uma bizarra tentativa de golpe a favor dele mesmo: renunciou ao cargo para voltar nos braços do povo e com mais poderes. Não voltou.

Sabendo ou não, dado que não é de muitas leituras, Bolsonaro quis repetir Vargas, aplicando um golpe a seu favor. Uma vez derrotado em 2022, conspirou para impedir que Lula tomasse posse.


Surpresa alguma. Bolsonaro jamais escondeu seu intuito de abolir a democracia por meio de um golpe de Estado, jamais. Foi coerente do princípio ao fim de sua carreira política.

Só seus fanáticos seguidores, os desinformados e os incrédulos por natureza podem se espantar em vê-lo indiciado pelos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito e golpe de Estado.

Escrevi aqui em 10/5/2022

“Por mais que neguem, os militares e Bolsonaro estão unidos na tarefa de semear dúvidas não só sobre a segurança das urnas eletrônicas como sobre o processo de apuração.”

E aqui em 18/5/2022 depois de Bolsonaro ter dito que não era crime pedir o retorno da ditadura:

“Bolsonaro bate palmas para os malucos e espera que eles dancem. Ao final, quem dançará será ele.”

E aqui em 18/7/2022:

“A ditadura de 64 acabou depois de 21 anos, mas o golpismo que fazia parte do DNA dos militares continua a circular nas veias dos que um dia expulsaram Bolsonaro do Exército por má conduta.”

E finalmente aqui em 21/7/2022:

“[…] os bolsonaristas dão sinais de que irão forçar a abertura das portas do inferno se Lula for eleito; e, por mais que Flávio Bolsonaro negue, com o apoio do pai dele.”

Quem disse: “O povo armado jamais será escravo de ninguém”? Não foi Nicolás Maduro, o ditador da Venezuela. Não foi Vladimir Putin, presidente da Rússia e ex-comunista.

Foi Bolsonaro quem disse na campanha de 2022, e acrescentou:

– Somente os ditadores temem o povo armado. Eu quero que todo cidadão de bem possua sua arma de fogo para resistir, se for o caso, à tentação de um ditador de plantão.

Em abril de 2021, Bolsonaro ouviu de Abraham Weintraub, ministro da Educação, a sugestão de mandar prender os ministros do Supremo Tribunal Federal, chamados por ele de “vagabundos”.

Ao lançar-se candidato à reeleição, Bolsonaro disse a certa altura do seu discurso:

– Estes surdos de capa preta [referindo-se aos ministros do Supremo] precisam entender o que é a voz do povo, que quem faz as leis é o Executivo e o Legislativo. Não vamos sair do Brasil. Nós somos a maioria, somos do bem. Nós temos disposição para lutar pela nossa liberdade.

São justamente os “surdos de capa preta” que irão julgá-lo tão logo o Procurador-Geral da República o denuncie. Deverá fazê-lo no primeiro semestre do próximo ano, no mais tardar.

O escândalo do mensalão do PT estourou em julho de 2005. O julgamento dos 40 acusados começou em 2012, terminando no ano seguinte. Bolsonaro já está inelegível até 2030.

Se for condenado, sua inelegibilidade se estenderá por muito mais tempo. Entendam de uma vez por todas: Bolsonaro é um doente terminal que neste momento só respira por meio de aparelhos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário