Há dezenas de colunas, de vídeos, de tuítes meus sobre o assunto, mas agradeço ao leitor por me lembrar de mais um motivo para derrotar Bolsonaro: ele nos roubou o direito de viver. Não há um dia de paz, não tem domingo de descanso, até na madrugada esse desgraçado resolve fazer live para mentir.
Com todo respeito ao leitor, eu queria, sim, poder sofrer porque meu marido viajou a trabalho, fiz uma mudança sozinha e ainda estou lidando com dois gatos apavorados pelo sumiço do pai e do mundinho que eles já conheciam. Em vez disso, passo horas do dia tentando convencer minion e simpatizantes de que democracia é uma coisa importante.
Quem me dera escrever crônicas sobre o trauma que é perder o gato dentro de casa e chorar no chão do banheiro, num visível desequilíbrio emocional, quando muitas horas depois ele sai de dentro de uma gaveta desarrumada. Mas não posso. Temos que gastar energia para mostrar que não teremos novamente aquilo que nunca tivemos: comunismo.
Gostaria de usar meu espaço para denunciar os prestadores de serviço que acham que podem me cobrar o dobro porque, né, mulher sozinha só pode ser trouxa. Quem me dera que meu maior problema fossem os três dias de banho com água fria porque o cano estava com a rebimboca da parafuseta errada. Mas não.
Enquanto ignoro as caixas da mudança, tento mostrar aos indecisos que não é natural um aliado do presidente receber a PF com granada.
Se as pessoas não se importam com o envolvimento de Bolsonaro com corrupção, milícia, incitação ao crime, golpismo, pelo amor de deus, que seja para termos um pouco de paz.
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