quarta-feira, 27 de julho de 2022

Governo Bolsonaro é um show de crimes

Começa assim: Bolsonaro comete um crime. Mais um. Qualquer um de seu desvairado repertório. Convocar fanáticos apoiadores para preparar um golpe no dia em que lança a candidatura à reeleição, por exemplo. Ou fazer para dezenas de embaixadores uma apresentação eivada de mentiras contra as urnas eletrônicas.


Com as proverbiais notas de repúdio, segue-se o roteiro da peça, introduzindo-se uma novidade, uma pimenta para que o espectador não durma na cadeira: a reação do governo americano elogiando nosso sistema eleitoral e as manifestações de juízes, procuradores, delegados e peritos da PF, além do protesto dos servidores da Abin, o mais surpreendente ou quem sabe o mais combinado de todos, já que a agência está sob o coturno do general Heleno, que incentiva as teses golpistas do capitão.

Quem deveria falar grosso, no entanto, se cala ou tergiversa. O procurador-geral da República, Augusto Aras, divulgou um vídeo gravado no dia 11 de julho —sete dias antes do encontro com os embaixadores— no qual diz não aceitar "alegações de fraude". Arthur Lira mostra-se mais preocupado com o destino do Arapiraca na série D do Campeonato Brasileiro. Enquanto isso, os pedidos de impeachment contra Bolsonaro — cerca de 150 — estão acumulando poeira na mesa do presidente da Câmara.

Na tática de fazer parecer que tudo está como dantes no quartel de Abrantes, o Planalto arrumou um culpado para livrar a cara do presidente. Coronel transformado em bode, Mauro Cesar Cid é o ajudante de ordens de Bolsonaro que vive grudado nele 24 horas por dia e teria organizado o espetáculo que escandalizou a opinião internacional e envergonhou os brasileiros. Cada autocracia tem o Rasputin que merece.

O show há de continuar. Não faltam pombas pintadas de verde e amarelo, novas denúncias de corrupção e o aparecimento de mais colecionadores de armas que são milicianos e traficantes de drogas.

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