quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Pisando sempre na mesma bosta

Por que repetir os velhos erros, com tantos erros novos que há para cometer?
Bertrand Russell

Vale a pena meditar nesta pequena mas grande amostra de sabedoria, agora que o mundo se está a virar para a extrema-direita, esquecido do que aconteceu entre as duas grandes guerras. Não vale a pena repetir os erros cometidos e a forma de o não fazer NÃO é o apaziguamento: é ter a coragem de cortar o mal pela raiz: não permitir que se aproveitem da democracia para a destruir. Coisas que as ideologias totalitárias, de esquerda e de direita, sempre fizeram. Os ditadores vêm-nos dos longes da história, porque nos apanham desprevenidos, sempre da mesma maneira: abrimos-lhes as portas e eles entram, sem pedir licença. Damos-lhes o palco todo, porque gostamos de os ver fazer e dizer palhaçadas, e eles multiplicam-se, como cancros assanhados. Já está a acontecer de novo. E já estamos a cometer os mesmos erros que permitiram que, no passado, à esquerda e à direita, se produzissem dezenas de milhões de mortos e todo um património destruído. Visitem com frequência o aforismo de Russell, que teve a coragem de ir para a prisão, quando se opôs à primeira grande guerra, e, depois, avisou cedo contra o nazismo e o comunismo soviético. Destemido inimigo de ditadores, não o foi menos de uma América de infame promiscuidade entre políticos, militares e industriais (da guerra). Espíritos intrépidos como Russell são os heróis que verdadeiramente ficam. Os outros são mais ou menos cúmplices, por omissão, dos assassinos.

Eugénio Lisboa

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