terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Bolsonaro usa no ataque à imprensa seguranças armados com recursos públicos

O ataque de domingo do segurança e dos seguidores de Bolsonaro a jornalistas das TV Bahia e TV Aratu afiliadas da GLOBO e SBT é absolutamente inaceitável e embute um perigo enorme. Há uma cena que conseguiu ser gravada em que um segurança ao lado do presidente reage porque um fio do microfone tocou seu braço. Esse segurança está com uma arma ostensiva no coldre. Se é uma pessoa tão descontrolada e é segurança da presidência, com o salário pago pela sociedade brasileira. É um servidor público e um perigo para a sociedade. E se ele sacar a arma numa hora dessas? A cena é de uma pessoa descontrolada.

E esse segurança ainda acha que o fio que encostou nele foi agressão e repete:

–Se bater de novo vou enfiar a mão na tua cara.

Esse segurança precisa ter seu nome identificado pela presidência, afastado das ruas e ser admoestado sobre isso. É um profissional e claramente para reagir assim está contra o trabalho dos profissionais. Na cena que não conseguiu ser gravada, a reporter da TV Bahia, afiliada da Globo, recebe uma gravata de outro segurança. Repito: é um funcionário público e isso é inaceitável na democracia. A imprensa tinha o direito de estar lá.

Em outra cena, se vê um seguidor atacar os jornalistas, e consegue rasgar parte da proteção do equipamento do TV Aratu, afiliada do SBT. O secretário de obras da cidade, Antonio Charbel, puxou os fios dos microfones dos jornalistas.

Essa não é a primeira vez: teve recentemente aquele ataque na Itália, em que os seguranças da presidência agrediram os jornalistas. De onde nasce isso? O presidente da República estimula, incentiva, ataca verbalmente os jornalistas e já ameaçou dar um soco num repórter do jornal O GLOBO. Houve outro episódio com a CBN. O que mais as instituições esperam?

Desde o começo dessa presidência a imprensa está sob ataque. Bolsonaro já atacou, difamou e injuriou alguns jornalistas em manifestações públicas e o fez principalmente contra mulheres. Ao fazer isso, ele está estimulando os seus seguidores para que o façam. E pior: os seguranças acham que o inimigo é o jornalista que faz a pergunta.

Tem que haver mais do que notas das empresas e das associações de jornalistas repudiando os atos. É preciso ver que isso tem método e a imprensa é o alvo do presidente, é parte do seu projeto autoritário e tudo vai piorar no ano que vem.

Temos pela frente uma campanha presidencial em que Bolsonaro está em desvantagem. Todo o cuidado é pouco para preservar a integridade dos jornalistas que estarão em campo cobrindo essa eleição. Bolsonaro ataca usando como armas os seguranças pagos pela sociedade, armados pela sociedade para proteger a "presidência". E que se comportam com a truculência de bandidos. E mais: ele usará os recursos da presidência, pagos por nós, para fazer campanha eleitoral. O extremo perigo que isso significa ficou claro mais uma vez.

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