Ao longo de sua vida, ele jamais se destacou como um sujeito que gostasse de trabalhar. Como soldado, gostava de disputar corridas de curto fôlego e foi elogiado por isso. Como vereador, primeiro, e deputado federal por quase 30 anos, dedicou-se mais ao descanso bem remunerado. Frequentemente era visto cochilando durante as sessões da Câmara. Compareceu a poucas reuniões de comissões.
É um presidente que mal dorme, mas não porque o emprego assim exija. Tem insônia e aproveita as madrugadas para bisbilhotar o que dizem a seu respeito nas redes. Chega ao Palácio do Planalto por volta das 7 horas da manhã. Cochila depois do almoço, e antes das 6 horas da tarde parte para o Palácio da Alvorada, onde mora. Terceiriza tudo o que pode, menos as diversões.
Somente este mês, esteve em Guarulhos, no litoral de São Paulo, entre os dias 17 e 23. Passeou de lancha e dançou funk. Voltou a Brasília para gravar sua mensagem de Natal ao lado de Michelle, a primeira-dama. Mas dois dias depois já estava na praia em São Francisco do Sul, Santa Catarina, onde se valeu de um jet-ski da Marinha para navegar com a mulher e a filha Laura.
É esperado em Brasília no próximo dia 4. Mandou avisar que no dia 5 participará de um jogo de futebol beneficente promovido por uma dupla de cantores sertanejos. Desconhece-se, por enquanto, o que pretende fazer ao longo de janeiro, ou o que parece mais provável: não fazer. Seus assessores garantem, contudo, que ele despacha com ministros por telefone.
São curtos despachos, como curtos são seus pronunciamentos oficiais. Deve-se ao seu vocabulário rastaquera e à sua falta de paciência para ler qualquer texto que exceda uma página. Nem mesmo portarias, decretos, Medidas Provisórias ele lê de cabo a rabo. Pede que leiam por ele, e assina-os. O que não o impede de alardear que não desejaria a ninguém a vida estafante que leva.
Não foi à Bahia depois que a situação por lá se agravou. E não pretende ir porque do ponto de vista eleitoral, ouviu Evandro Éboli, repórter deste blog, de um dos seus acompanhantes, a Bahia é um Estado “perdido” para ele. De fato, a Bahia é governada há 16 anos pelo PT. Votou em Lula duas vezes, duas vezes em Dilma, e está pronto para eleger Lula de novo.
Ocorre que ali Bolsonaro também tem muitos votos. E poderá perdê-los dada a sua indiferença com o sofrimento dos baianos. O governo argentino ofereceu ajuda humanitária aos atingidos pela chuva no Estado. Orientado por Bolsonaro, o Ministério das Relações Exteriores recusou a ajuda. O governo argentino é de esquerda e recepcionou Lula outro dia. Bolsonaro detestou.
A hashtag #BolsonaroVagabundo ficou entre os principais assuntos do Twitter por dois dias seguidos. Nesta madrugada, ainda estava. Faz sentido.
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