Bolsonaro tem mais do que cumprido a promessa. Está desconstruindo não só o que herdou dos governos, segundo ele, de esquerda, mas até o que seu dileto regime militar deixou.
Os generais da ditadura, em paralelo à asfixia política e jurídica, corrupção, censura, tortura e execuções que praticavam, pretendiam-se desenvolvimentistas. Costa e Silva criou o Mobral, a Funai e a Embraer. Médici, a Telebrás, a Infraero e o Incra. Geisel reatou relações com a China, foi o primeiro a reconhecer a independência de Angola e conduziu a Petrobras durante uma crise mundial do petróleo. Pois Bolsonaro dedica-se a —perdão, vacas— avacalhar com tudo isso.
Pode-se imaginar como Geisel, nacionalista hidrófobo, reagiria à recente declaração de Bolsonaro de que estava “pensando em privatizar a Petrobras”. Ou o que Castello Branco diria do seu desmonte da educação. E como eles veriam o seu desprezo pela administração, irresponsabilidade com a economia e redução do país a um quintal de condomínio.
Como se não bastasse seu rol de crimes na pandemia —indução à morte, charlatanismo, incitação ao crime, falsificação de documentos, violação de direitos, desvio de verbas, prevaricação etc.—, Bolsonaro deixou longe até o inesquecível João Batista Figueiredo na categoria em que este parecia imbatível: a destruição da dignidade da Presidência.
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