Nem que o caminho dele cruze com o de uma jornalista ciente do seu dever de fazer perguntas incômodas, Bolsonaro admitirá que citou o nome de Barros em conversa com os irmãos Miranda sobre a compra superfaturada da vacina indiana Covaxin. Ou negará. E, convenhamos, por razões compreensíveis.
Se admitisse que citou, confessaria que cometeu o crime de prevaricação, porque obrigado a mandar investigar Barros, não mandou. Se negasse, se arriscaria a ser acusado de mentir ao país caso a conversa com os Miranda tenha sido de fato gravada, algo que Miranda, o deputado bolsonarista, insinua que foi.
Dizia-se à época em que Dilma Rousseff presidia o país, que ela não se sentia à vontade para circular livremente com medo de ouvir desaforos ou de ser vaiada por grupos organizados que se lhe opunham. Bolsonaro já não pode mais dar-se a esse luxo, a não ser em ambientes sob o estrito controle dos seus devotos.
Dilma ainda respondia, vez por outra, a perguntas incômodas de jornalistas. Bolsonaro, cada vez menos. E quando o faz é sempre para detratar os autores de perguntas que ele não gostaria de responder, ou que não pode responder para não correr o risco de se complicar com a justiça. Que final de governo!
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